sábado, 17 de julho de 2010

as mulheres que não se apaixonam.

dizem que os homens não se apaixonam. que não fazem planos à longo prazo ao lado de alguém (ainda que esse alguém seja a mulher com quem namora há 2 anos e 7 meses). que não perdem o sono ou o apetite depois de uma briga de relacionamento. que não ficam ansiosos esperando por uma ligação no dia seguinte. que não sentem o coração doer depois de um término. que não há hipótese de flexibilidade alguma caso vá ferir seu ego. que não misturam sexo e amor. que não se envolvem totalmente, não se doam por completo.
e não posso fingir que é visão de mulher mal amada, não posso romantizar a coisa por completo - é assim mesmo, desse jeitinho, minuciosamente.
mas sabe que eu fiquei pensando que, ao contrário do que repito todos os dias, não sou tão azarada assim? já conheci (e amei, e tive comigo, pra mim, por mim) um homem que era exatamente o oposto desse clichê. ok, talvez não fosse uma questão de sorte, talvez fosse um encontro marcado pelo destino, talvez fosse a minha alma gêmea, talvez fosse a adolescência e seu mundo de fantasias... talvez fosse azar. porque conhecer, amar e ter um homem assim e perdê-lo, só pode ser azar. ou burrice. no meu caso, ambos.
ele era lindo. tinha o sorriso safado, o abraço envolvente e o olhar apaixonado. me escrevia cartas à lápis e depois passava a caneta por cima, pra letra ficar mais bonita. tinha uma foto minha em um porta-retrato enorme no quarto. deixava tão óbvio pra todo mundo a paixão que sentia que por vezes me envergonhava.
era ele quem ligava depois de uma briga. ignorava a maioria dos meus defeitos, ria pra esquecer de outros. não conseguia comer nem dormir direito se estivéssemos brigados. não tinha vergonha de chorar na minha frente, de dizer que estava triste, de pedir desculpas.
ele me dava presentes fora de época. elogiava todas as mudanças do meu cabelo e debochava das minhas roupas de oncinha. me beijava com carinho. me beijava com tesão. me beijava com saudade, vontade, urgência, tudo assim ao mesmo tempo.
sabia o ponto fraco do meu coração e conhecia ainda melhor os pontos fracos do meu corpo. me deixava arrepiada em poucos minutos. fazia amor gostoso, fazia sexo melhor ainda. e me abraçava e fazia carinhos depois. gostava do meu corpo exatamente como ele era, quando os quilinhos estavam a mais ou a muito menos.
e quando apareceu uma provável gravidez indesejada, ele chorou abraçado à mim. e logo depois fez carinho na minha barriga e disse que tudo ficaria bem. escolheu nomes, cuidou da minha alimentação e conversou com o bebê antes do "positivo". e chorou todas as lágrimas do mundo pelo "negativo". fez planos de filhos, casamento, amor eterno.
eu era uma princesa que não podia chorar, uma pessoa inteligente da qual ele se orgulhava, uma mulher gostosa que ele devorava com os olhos.
vocês devem estar se perguntando onde está esse homem, por que raios não estamos juntos ou querendo o telefone dele imediatamente. sinto informar: esse homem morreu. e fui eu quem matou.
se quiserem, posso dar o contato de um cara muito lindo, gostoso e com a pegada ótima. mas que não se apaixona, não faz planos, não confunde sexo com amor, não vai te ligar no dia seguinte e não vai permitir em hipótese alguma se envolver.
mas acho que desse tipo vocês já conhecem aos montes, não é?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

respostas.

- o que sustenta toda essa força? o que se esconde atrás de tanto mistério?
- força? mistério? hmm.
muita fragilidade. e um coração.
cadastrei uma mulher que se chama Delícia, dia desses.
Delícia, gente. o nome dela é Delícia. tô morrendo de inveja até agora. imagina só, todo dia, alguém te dizendo: - Bom dia, Delícia! e isso não soando como uma putaria bem das sem graça.
ou um "Que saudade, Delícia..." no meio de um abraço fofinho. ou um "Oi, Delícia" com aquele olhar safado.
imagina você saindo do Ensino Médio, com aquelas camisetas de formandos bem das ridículas, escrito atrás em letras garrafais: DELÍCIA.
preenchendo uma ficha de emprego: Nome - Delícia. pronto, a auto-estima já tá nas alturas.
na balada um cara te fala "E aí, delícia?" e você pensa "De onde conheço esse aí, hein?!"
vai jurar que o bofe lembra de você, que não é só mais uma cantadinha barata, óbvio.
adorei.

inveja eterna dessa tal de Delícia viu.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

tudo.

sempre pensei que se algum desejo me fosse concedido por (insira aqui sua figura mística preferida), não saberia o que pedir. eu quero tudo. sempre quis tudo. e esse "tudo" é tão amplo e tão inalcançável que sempre espanta quem se aproxima das minhas vontades.
hoje eu só consigo pensar que quem quer tudo, acaba ficando sem nada.
é... esses ditados populares idiotas acabam tendo algum sentido.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

porque senti o coração apertando.

"Não deixar principalmente que entrem dentro de ti e queiram arrancar isso que está aqui, entendeu? - levou uma das mãos até o coração."


"Você fica pesando as médias que faz todos os dias, para poder sobreviver. O saldo é meio amargo."


"Vontade de não saber perdoar, de não ser compreensivo, tolerante — de não me contentar com o pouco — 'amor malfeito, depressa, fazer a barba e partir'."


"É uma atriz, tão menina, e de vez em quando umas entonações sabidas de balzaquiana, ironias de diva, charme de gatinha."


"Pudesse abrir a cabeça, tirar tudo para fora, arrumar direitinho como quem arruma uma gaveta. Tomar um banho de chuveiro por dentro."


"Desculpe mas foi só mais um engano? E quantos ainda restam na palma da minha mão? Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com essa fome na boca."


"Deve haver um porto."

"tomar um banho de chuveiro por dentro".

não queria conviver com o mundo hoje. pedir o trident de hortelã na loja da esquina, andar escutando a mesma música até o ponto, lembrar das coisas que aconteceram enquanto morei tão perto dali. ver o ônibus chegar, torcer pra ter espaço pra sentar, ver que não tem, ficar puta porque velhinhos ficam em pé enquanto patricinhas ficam sentadas, desligar o pensamento durante o percurso. descer no mesmo ponto cheio de sempre, parar naquele sinal que quase nunca tá aberto, olhar as pessoas andando rápido sempre correndo atrás de algo, - boa tarde!, 12º andar, ouvir o som dos meus passos naquele corredor enorme, - boa tarde!, sorrir, escutar assuntos idiotas, falar coisas que não sinto, fingir uma força que não tenho, participar daquelas coisas das quais eu sinto nojo, me enganar enquanto abraço quem não me abraça, ter vontade de fugir o tempo inteiro.

só queria ficar quieta, me arrumar por dentro, organizar toda essa bagunça e esse amontoado de sentimentos desconexos e pesados. só queria ser eu - brincar com a capitu, fazer coreografias malucas ouvindo camarada d'água, cantar unwritten bem alto, ler e reler todos aqueles meus textos preferidos do Caio, não atender o telefone e nem a campainha, tomar sozinha o chá docinho que aprendi a fazer com a minha mãe.

é tão cansativa essa vida de 'não sentir'.