sábado, 31 de dezembro de 2011

2011

em 2011 eu comecei a realizar um dos grandes sonhos da minha vida. entrei na faculdade (com bolsa integral, uhuu) de psicologia. tem sido maravilhoso.
em 2011 aprendi a amar de mansinho. sem grandes intemperanças. um amor chuva leve no telhado, nada de tempestade. com sonhos pares, mais concretizáveis.
em 2011 me conheci melhor. comecei a aprender a dizer 'não'. tentei pintar meu pessimismo de otimismo de vez em quando. fui retirando máscara por máscara, pose por pose. sobrou só o real.
em 2011 fui menos intensa, porém. vivi menos o que queria viver e mais o que dava pra fazer. ousei menos, me acomodei mais. que no próximo ano eu saiba ser melhor.



"Amanhã é dia de nascer de novo".
que 2012 torne os nossos sonhos palpáveis.
feliz tudo!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

querido diário,

hoje me sinto muito feliz e segura.
só que ao contrário.

sábado, 24 de dezembro de 2011

hoje consigo ver beleza na rotina.
acho que a minha tempestade tem se acalmado.








feliz natal.
tanto faz.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

queria saber escrever bonito, de um jeito que iluminasse o dia de quem me lesse.
queria saber colocar em palavras essas coisas tão singelas que sinto de vez em quando.
queria saber falar com firmeza e propriedade sobre sentimentos que conheço tão bem. e que apertassem o coração e causassem sorriso as minhas palavras.
acontece que eu não sei. escrevo assim desse jeito tosco e com palavras simples, e geralmente só sei dizer coisas tristes.
mas dizem por aí que a dor é sinal de que há vida. e passa.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

eu tenho tanto medo de um dia olhar pra trás e ver grandes espaços em branco. porque é como a minha vida parece algumas vezes: como se não estivesse sendo vivida. vou empurrando, adiando, sonhando, planejando. e realizo tão pouco.
às vezes acordo e me pergunto como foi que cheguei até aqui. qual foi a correnteza que desaguou nesse lugar.
e não quero continuar com essa sensação. não quero que esse desespero de não saber por onde andei se agrave.
tenho tantos sonhos. e a maior parte deles é perfeitamente realizável. não quero mais adiá-los.
quero um dia olhar pro passado e ter certeza dos passos que dei, com firmeza de ter dado o meu melhor. de ter feito o que quis fazer. de ter propriedade sobre o meu presente, quiçá sobre alguma parte do meu futuro.
tomar como minha a vida que escolhi ter. no regrets, just love.
a gente faz tantos planos. quer emagrecer pro verão (verão esse que será devidamente aproveitado dentro de casa assistindo seriados e filmes e lendo e chorando ouvindo adele). quer comprar um celular novo pra fazer parte de um grupo de gente idiota que tira foto de comida em tom sépia. quer aumentar a carga de exercícios físicos pra ver se a endorfina dá as caras. larga os remédios porque 'eu dou conta sozinha'. e liga pros amigos que abandonou pra tentar reatar os laços. bota fé que 'quem acredita sempre alcança' e que 'baby, you're a firework'.
a gente planeja arrumar um bom emprego só pra viajar com o namorado nas férias pra buenos aires. e planeja apresentá-lo pra família inteira na primeira oportunidade que houver. escolhe os nomes dos futuros filhos. fala deles como se fossem chegar amanhã, ou daqui a 2 ou 8 meses, pensa em como adaptar a cachorrinha à vida nova. já sabe como vai criá-los, quais os valores quer passar, que tipo de música vai tocar enquanto estiverem na barriga.
pensa em qual vestido vai usar na formatura. e de que cor serão as paredes do consultório. como vai ser o cartão com seu nome, telefone e CRP. sabe que precisa começar um curso de inglês, mas adia, 'um dia eu faço, vai dar tempo'.
a gente se esquece que o amanhã não existe. que de repente a vida muda. o vento sopra e leva tudo embora.

que minha estrutura seja forte o suficiente pra suportar mais esse vendaval.
this

sábado, 10 de dezembro de 2011

- as pessoas costumam vir aqui e desabafar seus problemas amorosos. eu sei que vêm. e quando digo amorosos quero dizer românticos. a gente tem tanto amor na vida que se perde entre eles, é natural. então a pessoa vem e senta nesse sofá e tenta contar tudo - cada mí-ni-mo detalhe - pra descobrir onde é que errou. o que é que podia ter feito diferente. qual o próximo passo a dar. ah, deus, o próximo passo a dar, qual seria ele?
mas não eu. eu vim por questões superiores. pra lidar comigo mesma, pra desvendar minha escuridão, pra me ver com outros olhos. não essa baboseira de romance e amor não correspondido e traições e abandonos.
até hoje.
porque hoje eu só quero falar desse aperto no peito e esse nó na garganta, que é o que acontece quando a dor já cansou de se alojar só na alma. eu quero te contar que da última vez que nos vimos ele disse que me amava mas que nunca - nunca, nunca, nunca mais - ia ser meu de novo. e foi preciso que eu pedisse, mas houve um último beijo na porta do ônibus. fizemos promessas, tantas delas, você não pode imaginar. e os planos que foram adiados pra 'daqui a pouco' não mais dispõem de terreno pra acontecer. viraram vento, poeira, nada.
queria que você parasse de me olhar como se eu fosse uma jovem-com-toda-uma-vida-pela-frente e me visse como me sinto agora: uma moribunda caquética recolhendo seus pedaços pelo chão. que você olhasse aqui dentro e me dissesse que raios aconteceu com meu coração, se ele está tão roxo e sufocado quanto parece. queria que você abrisse minha cabeça e pinçasse memória por memória, todas as vezes que o nome dele aparecesse. que no meu peito você colocasse uma pedra pra que nunca mais fosse tudo tão pesado assim.
eu sei. passou. não dá pra reverter os erros, não dá pra implorar pela última vez (quantas últimas já houveram?), não dá pra pedir 'ei, por favor, me ame só mais um pouquinho'.
nosso tempo tá acabando, tem mais alguma desesperada sentada ali na recepção esperando pra ocupar esse lugar, se agarrar nessa almofada como uma última esperança materializada, dizer todas essas coisas tolas e inúteis. terminamos todos aqui, desabafando amores perdidos e dores inconfessavelmente banais.
na próxima semana voltamos a falar de assuntos profundos, do quanto estou quebrada por dentro simplesmente por ter o fardo de ser eu. obrigada pelos lenços e desculpe pela banalidade. é que dói, dói tanto. e chega uma hora que caímos todos nos clichês comuns e ordinários das dores de um amor que se foi. romance... essa coisa estúpida alimentada pelas comédias americanas e por esses seus sofás.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

anônimo,

ei, vamo brincar de 'adivinha'?
adivinha se eu curto suspense. te dou uma dica: começa com N e termina com ÃO.
agora me dá uma dica pr'eu adivinhar quem é você :)

domingo, 4 de dezembro de 2011

às vezes me pego pensando no nosso futuro. no futuro que poderia ter acontecido e nunca foi. em como estaríamos se o caminho escolhido fosse outro.
é inútil, eu sei. não muda nada do que passou e provavelmente são só sonhos, coisas que ainda que tivéssemos escolhido o outro caminho, não teriam acontecido.
mas acalenta. dá um pouco de paz pra esse peito que se transforma em um abismo quando se dá conta de que você não está mais na minha vida.
e no nosso futuro que fico imaginando seríamos tão você e eu, tão nós dois, tão o que éramos e estragamos. tão bobos e bonitos, tão cheios de vida e de calor nos olhos.
rompemos com o destino, eu acho. e é por isso que não consigo te esquecer. porque queiramos ou não, você é meu e eu sou sua. e um dia, em uma esquina qualquer, vamos nos dar conta disso quando nos olharmos como olhávamos antes. por alguns segundos que seja... voltaremos a ser nós dois, sós os dois.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

'a ana é problemática demais pra você'. pra coitadinha bem humorada, bem intencionada, focada, determinada, trabalhadora, forte, segura, carinhosa, atenciosa.
e as neuroses, as brigas, as acusações, a gritaria, as ameaças, os dramas propositais, a chantagem emocional, a manipulação barata... só a ana problemática aqui é que sabe.
não sou fácil, nunca fui. mas não arrasto ninguém pro sofrimento junto comigo. é desumano, é injusto.
não sei como vim parar nesse inferno onde estou.
não faço idéia de como sair daqui.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

daí que eu já tava cansada daquele clima primaveril do blog. girassóis (são lindos, os amo, mas né), tudo laranja-amarelho-vermelho. assim tá melhor. por enquanto.



conversei com minha psicóloga essa semana sobre a minha atual dificuldade em manter amizades. alimentá-las, cultivá-las e essa coisa toda. tentamos nos lembrar qual foi o momento exato onde cortei as amizades que tinha e parei de fazer novas (sim, houve um momento exato e na sessão eu disse: a partir de agora não terei mais amigos). lembramos de algumas coisas, como por exemplo que eu estava fodidamente em depressão naquela época e que havia brigado com duas grandes amigas na véspera. mas ninguém espera que alguém vá MESMO deixar de ter amigos. não alguém sensato, pelo menos. e o problema é meio que esse aí, eu acho.
acontece que tentar viver sozinho é um tanto pesado. sem maiores apegos, sem super baladas combinadas há semanas, sem uma mão na sua ou um colo pra deitar. não tem lá muita graça conquistar coisas importantes e não ter com quem festejar.
de repente me senti totalmente despreparada para a convivência social também, perdi o jeito de aceitar convites pra sair e ter uma conversa razoável, com alguns risos e... e não sei mais o que é mesmo preciso em um encontro agradável. virei uma espécie de pessoa-chata que não comemora muito, não salva números de telefone na agenda, não escreve e-mails, não responde cartas, não atende o celular, nunca mais deu dinheiro pra tim com envio de sms. fechada. chata mesmo.
e não é que eu tenha virado uma ilha (ninguém-pode-ser-uma-ilha, essa frase irrita mais alguém além de mim por aqui?). tive alguns namoros, rolos, encontros esporádicos com conversa agradável, bebedeiras, almoços em família e essas coisas que todo mundo faz sem maiores dores. beijo mi, mãe, carlos e mais alguns.
só perdi o jeito. sabe? não sei socializar e toda essa coisa que exigem da gente. 'o inferno são os outros', uma vez minha psicóloga parafraseou sartre tentando me entender. 'não, o inferno sou eu mesma. acontece bem aqui dentro', foi o que respondi. tem sido assim.
enfim, queria me desculpar por todos os convites não aceitos, os encontros que enrolei e não aconteceram, as desculpas mal elaboradas, os telefonemas não atendidos, as sms paradas na caixa de entrada sem nenhum retorno, as cartas que chegaram e nunca tiveram resposta... desculpa, gente. tô me esforçando, eu juro. vocês são ótimos e gosto de tê-los por perto. não quero perdê-los como tanta gente já se foi.
everything is gonna be alright. acreditem.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

resposta

bem mais que o tempo que nós perdemos
ficou pra trás também o que nos juntou
ainda lembro o que eu estava lendo
só pra saber o que você achou
dos versos que eu fiz 
e ainda espero resposta...




antes de me mudar da casa dos meus pais, decidi que ia queimar meu passado. que inocência pensar que colocar fogo em algumas caixas de carta transformaria em cinzas também a minha memória!
algumas não tive coragem - ou vontade - de queimar e trouxe comigo.
ontem quis reler algumas. 
meu coração ficou oco. 
essas pessoas fazem tanta falta... não consigo acreditar que nos perdemos, todos nós, sem ver que o tempo passava e levava com ele os sentimentos mais bonitos que ousamos ter.
queria ligar pra um por um, perguntar como vai a vida, marcar um café ou umas doses de tequila, pegar os novos endereços e recomeçar as correspondências.
mas o tempo passou, não é mesmo?
e algumas coisas foram feitas pra ficar apenas no campo da memória... e da saudade...





obs.: ei, Celinha, Kine, Kátia, Mi, Dai, Gislaine, Jeni, Pedro, Cabecinha, Mel, Denise, Anita, Luiza, Rhavenna, Rinna Hanne, Letícia, Alice... que tal um café ou uma tequila?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

.

Parece que jamais serás a mesma e que nada mais terá sentido como antes, mas assim como é líquida essa tristeza, essas águas são dinâmicas e fluidas. Então deixa que as coisas se renovem, e que as perdas tenham mais de um sentido, que os vazios te ofereçam mais espaço, pra que a vida te compense com o impossível. E permita que a alegria se aproxime, e que traga mais calor para os teus dias, quando tudo nos parece um desolo, é possível ainda assim, ser poesia.
Seja forte, siga em frente, respire fundo, e perceba a importância de se ter braços vazios, pra que se possa ter espaço em si para abraçar o mundo.

[Marla de Queiroz]

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

parafraseando TM,

eu mesma me bagunço e tumultuo tudo em mim.
parece que meu coração diz: pára!
silencia. se embrulha e se embaralha.



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

garotas simples

- céus, as mulheres nessas revistas. algumas são noivas de verdade. não são todas modelos. todas sorrindo. é como se a única coisa que importasse fosse encontrar o sapato perfeito para combinar com o vestido. eu conheci essas garotas. estudei com elas. é engraçado. eu sentia pena delas. são garotas simples. só querem encontrar o cara, se casar e, sabe... viver. não sei. acho que você nasce simples, ou nasce... como eu. quero ser a pessoa que fica feliz por encontrar o vestido perfeito. quero ser simples. porque não se coloca uma arma na cabeça de uma garota simples.

Cristina Yang - Grey's Anatomy - 7x01

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

domingo, 23 de outubro de 2011

tomei uma decisão errada e agora estou pagando muito caro por ela.
parabéns pela burrice, ana. parabéns por achar que dá conta de tudo sozinha e se foder sempre.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

é como uma bomba-relógio. não tenho a cronometragem, mas sei que em breve vai explodir.
tudo me afeta demais.
por que eu tenho que ser assim?


odeio esse tédio onde a minha vida decidiu descansar.
preciso de algo que me faça querer viver... viver por viver nunca foi e nunca será meu ideal.
algo que tire meus pés do chão, que me faça lutar, acreditar que posso ser melhor, que tudo pode ser melhor.


um aperto no peito, um nó na garganta...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

então que eu tenho essa mania de ir à fundo. de querer sempre mais, mais um pouco, mais uma explicação, mais uma definição, mais uma certeza.
eu mexo na ferida até que ela fique latejando e sangre tudo o que tiver de sangrar. quero sempre ir mais fundo e não me contento com nenhuma superficialidade.
daí que isso me faz muito mal. faz com que eu remoa todas as dores que já deviam ter ficado no passado. faz com que eu estrague os melhores relacionamentos e sentimentos que tenho. faz com que eu me sinta menor do que realmente sou enquanto finjo ter um ego que mal me cabe.
hoje vou dormir relembrando algumas histórias e amanhã a ferida estará imensa e exposta.
não consigo evitar.

sábado, 15 de outubro de 2011

preciso de renovação.
que algo novo aconteça e mude o rumo dos meus passos.
não é que a vida esteja ruim... é que eu sempre preciso de mudanças, de novidade, de brilho nos olhos e frio na barriga.
quero uma novidade bonita e arrasadora, de encher o coração e criar borboletas no estômago.
que venha logo qualquer coisa que mude completamente a minha vida pra melhor.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

de: eu / para: mim

Desejo que a sua vida inteira seja abençoada, cada pequenino trecho dela, em toda a sua extensão. Que cada bênção abrace também as pessoas que ama e seja tão vasta que leve abraço a outros tantos seres, sobretudo àqueles que mais sofrem, seja lá por que sofrem. Desejo que os nós que apertam o seu coração sejam gentilmente desatados e que os sentimentos que os formaram se transformem na abertura capaz de criar belos laços de afeto. Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho. Que cada um deles crie mais espaço em você. Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo.

Desejo que volte para o seu mar quantas vezes forem necessárias até encontrar o seu tesouro. Que quando encontrá-lo, não seja avarento. Que descubra maneiras para compartilhar a sua felicidade, o jeito mais gostoso para se expandir a riqueza. Desejo que quando os ventos da mudança ventarem mais forte, e sentir medo de ser carregado junto com tudo o que parecerem arrastar, você já conheça o lugar onde nada pode arrastá-lo. Que já saiba maneiras de respirar mais macio, quando as circunstâncias lhe encurtarem o fôlego. Que, com o passar do tempo, a sua alma se torne cada vez mais maleável, mas que seja firme o bastante para nunca desistir de você.

Desejo que tudo o que mais lhe importa floresça. Que cada florescimento seja tão risonho e amoroso que atraia os pássaros com o seu canto, as borboletas com as suas cores, o toque do sol com seu calor mais terno, e a chuva que derrama de nuvens infladas de paz. Desejo que, mais vezes, além de molhar só os pés, você possa entrar na praia da poesia da vida com o coração inteiro e brincar com a ideia que cada onda diz. Que, ao experimentar um caixote ou outro, não se arrependa por ter entrado na água, nem desista de brincar. Todo mundo experimenta um caixote ou outro, às vezes um monte deles, quando se arrisca a viver. O outro jeito é estar morto. O outro jeito é não sentir.

Desejo que não tenha tanta pressa que esqueça de colher estrelas com os olhos nas noites em que o céu vira jardim, e levar para plantar no seu coração as mudas daquelas mais luzentes. Que tenha sabedoria para encontrar descanso e alimento nas coisas mais simples da vida. Que a cada manhã a sua coragem acorde bem juntinho de você, sorria pra você, e o convide para viverem uma história toda nova, apesar do cenário aparentemente costumeiro. Que tenha saúde no corpo, saúde na alma, saúde à beça.

Desejo que encontre maneiras para se fazer feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita pra dormir, porque a verdade é que a gente não sabe se tem outro dia. Que quanto mais passar a sua alma a limpo, mais descubra, mais desnude, mais partilhe, com medo cada vez menor, a beleza que desde sempre você é. Que se sinta livre e louco o bastante pra deixar a sua essência florir.

Não importa quanto tempo passe, não importa onde eu esteja, não importa onde esteja você, abra os olhos pra dentro e ouça: o meu coração estará dizendo esta mesma prece de amor para o seu. Amor incondicional, exatamente como neste instante. Não importa o quanto a gente mude, o quanto a distância aparente nos afastar, isto que sinto por você, eu sei, não muda nunca mais.


“Prece para quem se ama”, Ana Jácomo

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

more is better


Grey's Anatomy 2x2

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?

Hilda Hist

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

meme (porque o blog anda jogado às traças)

Sete coisas que faço bem:

- reclamar
- ouvir
- planejar
- escrever (sobre me expressar pela escrita e nada mais)
- acalentar
- procrastinar (um dom!)
- perdoar

Sete coisas que não faço bem:

- relaxar
- cantar
- falar em público
- correr
- desistir
- terminar relacionamentos
- esquecer

Sete coisas que me atraem no sexo oposto:

- inteligência (no sentido amplo da palavra ok? ok)
- boca
- mãos
- olhos
- peito
- sorriso
- a pegada

Sete coisas que não suporto no sexo oposto:

- machismo, racismo, homofobia ou preconceito de qualquer tipo (não suporto em ninguém)
- querer mandar em mim
- ser uma pessoa comigo e outra na frente das outras pessoas
o resto acho que dá pra aguentar.

Sete coisas que digo com freqüência:

- uai
- putaquepariu!
- gente,
- sei lá
- não sei mais, as pessoas que me escutam é que devem saber(?) hahaha

Sete atores/atrizes que eu gosto:

- wagner moura
chega.

Sete atores/atrizes que eu detesto:

- ah, preguiça...

Sete filmes que eu adoro:

- brilho eterno de uma mente sem lembranças
- garota, interrompida
- closer - perto demais
- nome próprio
- uma mente brilhante
- romance
- o fabuloso destino de amélie poulain

Sete filmes que eu detesto:

- tropa de elite 1 (mesmo com meu waguinho ♥)

Sete lugares favoritos:

- quando eu me sinto em casa (seja lá onde for)
- ouro preto (tenho alguma conexão com aquele lugar)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

você não acha incrível como a gente se desliga do mundo quando fica algum tempo dentro do ônibus? 
eu estava voltando do trabalho, o dia havia sido cansativo. os fones no ouvido com as músicas no modo aleatório - ouvi dizer que estamos perdendo a nossa audição depois dos 25 anos de idade por causa desses pequenos objetos, dá pra acreditar? e pensei que queria te contar isso, já que você gosta de escutar música no volume mais alto. ou gostava? não sei. são tantas as coisas que eu já não sei. e isso é tão estranho.
nós fomos as pessoas mais próximas desse mundo. sabíamos a hora que o outro acordava, qual a primeira coisa que fazia no dia, provavelmente o que comeria no café da manhã. eu seria capaz de prever qual roupa você escolheria pra vir me ver dependendo da ocasião, afinal conhecia todas de cor. sabia que você não podia beber coca-cola por causa da gastrite, embora teimasse e tomasse escondido no café da manhã. conhecia seu jeito de disfarçar ciúme e de pedir carinho. sabia dos seus medos do futuro, da falta de certeza em qual carreira seguir.
você conhecia meu ponto fraco e não se importava com ele. aprendeu a fazer cafuné do meu jeito preferido. pedia meus sabores favoritos na sorveteria sem que eu precisasse dizer nada. conhecia meus sonhos e planos, e queria fazer parte deles. reconhecia quando eu mentia e ignorava algumas vezes. diferenciava meu "não" sincero do meu "não" que pedia pra você insistir mais um pouquinho. 
tínhamos as nossas intimidades, os nossos códigos, coisas que só nós dois entendíamos. nossas músicas, os filmes que assistimos juntos, nossas datas, nossas fotos, presentes e cartas.
e agora temos um abismo. uma distância tão grande entre você e eu que me pergunto se um dia tudo foi mesmo real. vejo suas fotos e quase sinto o cheiro da sua pele invadir o ambiente. sim, foi real, você foi meu, tão meu que não consigo aceitar que algo tão concreto tenha virado nada.
olhei pela janela do ônibus e vi, colado em um poste perto do sinal, um anúncio que dizia "trago a pessoa amada em 3 dias". pensei que talvez não fosse tão errado assim apelar pra esse tipo de coisa. já fomos tão felizes juntos, afinal... por que não? em três dias eu sentiria a sua pele na minha e teria novamente as nossas vidas entrelaçadas, um fazendo parte do outro. dane-se o livre arbítrio, afinal.
tentei imaginar como seria e não consegui. não sei mais quem você é. sei quem era aquele menino do sorriso aberto que vomitava quando ficava muito tempo viajando, mas ouço dizer por aí que agora ele faz viagens de dias e dias. você conhece a menina que ficava bêbada muito rápido, mas não imagina o quanto eu sou capaz de beber sem cambalear agora. o tempo foi cruel. desatou os laços e nos levou com ele.
pensei tantas vezes no que te diria se te reencontrasse... "senti sua falta", "eu ainda te amo" ou "finalmente te esqueci". e hoje só conseguiria dizer, sinceramente, "oi, estranho".

domingo, 11 de setembro de 2011

ela pensava de novo em amor



mais um presente do Ju.
obrigada,

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

desabafar

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

pensei que um dia te mostraria tudo que escrevi sobre você. não foram poucas coisas. você me atormentou durante muitos anos. quer dizer, não era bem você, claro. você nem mesmo me procurou - nem um torpedo, uma ligação, um e-mail, um raio de uma carta, caralho! desde que prometeu se afastar, foi o que fez. teve aquela vez que conseguiu passar na auto-escola e me ligou eufórico com a novidade. despediu-se e sumiu. "ele volta", pensei. não voltou. o que me atormentava mesmo era a sua lembrança, o seu fantasma. você continuava vivo e ainda assim era uma assombração na minha vida, que perturbava todas as minhas noites insones. remoendo essa metáfora me afundei tantas e tantas vezes no sofá fofo da minha terapeuta (sempre achei mais chique um divã, mas vá entender essas vertentes malucas da psicologia, não é?)... o que teria acontecido, o que não teria, o que seria memória emocional, o que seria fuga da realidade, o que eram as suas mãos no meu corpo naquelas noites em que nada mais importava, o que eram seus olhos que me diziam tanto mesmo quando a boca negava, o que o tempo queria nos afastando assim?
pensei que se um dia esbarrássemos em alguma rua por aí, daqui a mais alguns anos (claro, preciso de mais algum tempo de academia, um loubotin e uma chanel, aquele peeling que tenho adiado e o russian red da mac), eu te olharia como um qualquer. "oi, como vai?" "estou bem e você?" "estou ótima" e meu sorriso te mataria. você seria um fantasma morto. enfim morto. morto. mor-to.
e de tanto pensar na sua morte já cheguei a imaginar que ninguém lembraria de mim caso alguma fatalidade te ocorresse. e que talvez alguma viúva estivesse ali, recebendo as condolências e sentindo a sua perda como sua mulher. e ela não seria. não como eu. não com o meu amor. não.
o que eu não pensei, definitivamente, foi que te encontraria aqui. nesse bar, em meio à alguns amigos daquela época, sorrindo despretensioso. sorrindo. pra mim. "oi! como você está?" "estou... bem! e você?" "também! quanto tempo, hein? você está linda."
de sapatilha, batom nude do duda molinos e há uma semana sem academia por falta de tempo. eu estou linda.
"obrigada", sorri. "você aqui... passando férias?" "não... me mudei pra cá há alguns meses." sorriu e virou-se pra cumprimentar outro amigo que chegou.
fantasma filho da puta. mais vivo do que nunca.

quinze coisas que eu sei

(porque é exatamente disso que estou precisando lembrar: do que sei, do que posso, do que sou capaz)

1 - bordar em ponto cruz e vagonite.
2 - fazer leitura dinâmica.
3 - ouvir. sério. muito sério. se você não é meu amigo não tem noção do quanto isso é sério.
4 - perdoar. bem a essência do que isso significa.
5 - bolo gelado de coco com leite condensado que todo mundo se apaixona.
6 - delinear os olhos (quase sempre) direitinho.
7 - começar dieta na quarta-feira.
8 - tomar a iniciativa.
9 - jogar sudoku (aprendi num processo seletivo de emprego)
10 - amamentar um bebê, embora eu ainda não tenha parido.
11 - rir de qualquer bobagem.
12 - discutir ferrenhamente sobre o que acredito. e lutar por isso sem largar o osso. nunca largo o osso.
13 - provocar.
14 - "falar" algumas coisas em libras.
15 - conseguir o que eu quero. que fique claro pra mim mesma e que eu possa ler esse número 15 sempre que preciso for: tudo que eu quis com vontade e que eu batalhei pra ter, tu-do, eu consegui.

domingo, 4 de setembro de 2011

treze coisas que eu não sei

1 - cozinhar feijão
2 - organizar pensamentos sem anotações
3 - reatar velhos laços
4 - quanto custa um ipad
5 - recusar chocolate (já soube, hoje não mais. desaprendi e pronto)
6 - ter espírito empreendedor ou coisa que o valha
7 - rir sem vontade
8 - como é que alguém não gosta de cachorros?
9 - estudar com barulho
10 - marcar o côncavo sem pincel específico
11 - jogar truco, bolinha de gude, andar de bicicleta, nadar, pular elástico, jogar video game e mais um monte de coisas que mostra que eu não tive uma infância das mais divertidas
12 - ignorar provocações (de quaisquer natureza)
13 - desdenhar amores, paixões e tempestades

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

um ano.

o tempo passou tão rápido... e tão pesado.
você faz tanta falta, meu bebê.




i miss everything about you.

sua irmãzinha tá aqui me chamando pra brincar. e me lembro do seu olharzinho sapeca fazendo o mesmo.
amo vocês, amo muito, amo sempre.
obrigada por tudo que você fez por mim.

sábado, 27 de agosto de 2011

quanto tempo você espera pelos seus sonhos?





(clica que aumenta. daqui. vale a pena ver todos!)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

a agenda está cheia. e não é uma metáfora: sim, eu tenho uma agenda, e sim, ela está mesmo cheia de compromissos ultimamente. passo muito pouco tempo em casa, e com sorte esse tempo ficará ainda menor a partir das próximas semanas.
no final do ano passado entrei em uma crise forte de depressão e precisei tirar um tempo pra mim. eu sabia que se me esforçasse muito, se exigisse muito de mim mesma, o resultado não seria legal. chamei esse tempo de 'ócio produtivo'. em certos momentos desse ano cheguei a praguejar e dizer que 2011 era um ano perdido, que não havia feito nada pro meu crescimento, que nada de bom tinha me acontecido, que não havia aprendido nada. não pude cometer maior injustiça! nunca tive um ano tão produtivo quanto esse. aprendi muita coisa, formei minha opinião sobre diversos assuntos, me fiz mais forte e me sinto mais segura, conheci pessoas lindas, reconheci pessoas do meu convívio que não eram assim tão lindas e que hoje vejo que não preciso ter por perto, consegui dar os primeiros passos rumo à um futuro que venho planejando há tanto e tanto tempo... e venho conquistando meu bem mais precioso (e que pode parecer o mais simples pra maioria das pessoas 'comuns') que é a minha estabilidade mental. 
tenho um orgulho imenso da pessoa que estou me tornando. e esse post é só pra dizer isso sim. porque todas as vezes que estou me culpando e me mal dizendo venho aqui e derramo mil palavras ruins sobre mim mesma. hoje eu quero deixar claro o quanto me orgulho das minhas conquistas, desde ter abandonado finalmente à neurose com emagrecer-engordar, até não ter largado o tratamento que grande parte das pessoas com as quais convivo banaliza, e ter entrado na faculdade que eu sempre sonhei com bolsa integral. 
sei que tenho muito o que amadurecer e conquistar ainda. tenho muitas fraquezas a serem superadas, algumas das quais nem suspeito ainda, outras que sei exatamente quais são. mas é assim, um passo de cada vez... e estou muito feliz com os meus passos e com a direção que eles têm tomado...
estou me tornando a pessoa que eu quero ser. e não existe nada no mundo mais bonito que isso.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

sexta-feira






final da primeira da semana do primeiro semestre do primeiro sonho.

e como diria a Tiê: o saldo final de tudo foi mais positivo que mil divãs :)

domingo, 7 de agosto de 2011

— Ela queria outra coisa.
— Que coisa?
— Nem ela sabia.
Repetia isso o dia inteiro: “Quero outra coisa, eu quero encontrar outra coisa”.



Caio Fernando Abreu.

sábado, 6 de agosto de 2011

oi, escitalopram.
tchau, escitalopram. oi, topiramato. oi, bupropiona.
oi, lítio.
tchau, topiramato. oi, mais bupropiona.
oi, mais lítio. oi, mais bupropiona.
tchau, lítio. oi, depakene.
tchau, depakene. oi de novo, topiramato.



um dia de cada vez.


(tá pior que o rei leão e seu ciclo sem fim)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

tenho dois grandes sonhos na vida. um deles começa a se realizar agora.
obrigada, Papai do Céu.
"Ela é uma moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso. Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete lilás, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna."

domingo, 31 de julho de 2011

acariciei seu peito por longos minutos essa manhã. foi a primeira vez que acordei ao seu lado e não te senti meu. não me senti sua. me aconcheguei mais um pouco nos seus braços e tentei decorar com a ponta dos dedos cada milímetro do peito que me acolheu por tantas vezes, por tantos motivos. já derramei nele minhas lágrimas, meu riso e meu suor mais doce. já encostei o ouvido pra ser ninada pelo seu coração. e hoje o que eu escutava era uma despedida batendo ritmada, sem cessar, sem pesar.
tive vontade de chorar, de te beijar inteiro, de pedir que por favor não deixe que a gente se perca. respirei fundo e me lembrei que certas coisas não há como impedir: o nosso amor foi uma delas. por mais que lutemos, que não possamos aceitar que aconteça... a vida mostra quem é mesmo que controla e nos tira todas as certezas.
não sei se hoje me despedi do seu peito me acolhendo no amanhecer, se me despedi da certeza de todos os outros que viriam, se foi uma despedida de algo singelo e único que se foi sem ter sequer um nome próprio...
o que eu sei, amor, é que já falta um pedaço em mim e esse pedaço é seu. e que não importa o que aconteça, quais caminhos a vida nos leve a seguir, esse pedaço vai continuar com você, sendo só seu, todos os dias seu. 
que meu coração tenha aprendido a acalentar meu sono tão bem quanto aprendeu a sossegar meu pranto.

senti muita coisa e faltaram palavras. fiquei algum tempo lendo textos do Caio - ele sempre diz por mim o que preciso. achei que encontraria algum trecho que pudesse copiar e colar aqui, e o meu recado seria dado à mim mesma. mas não. talvez haja sim um trecho, um texto. dele ou de outra pessoa. mas não é assim que se 'enfia o dedo na garganta'.
a vida tem sido generosa comigo. como se toda aquela história de 'um dia por cima, outro por baixo', 'tudo tem sua hora', 'a vida é uma roda-gigante' fosse verdade. como se todas essas coisas que nos dizem por falta do que dizer (por medo de encarar o que é feio, por esperança colorida à mão de verde claro, por falta de interesse no sofrimento de outrem) fossem verdades. talvez até sejam sim. não posso negar que Deus reapareceu quando mais precisei. e que o sol sorri pra mim todos os dias logo depois de me beijar.
ainda me incomoda a sensação (quase uma certeza, na verdade) de que não se pode ter tudo. o que quer que seja menor que isso é tão pouco... e não é permitido ir além. como naquela história maluca de duas pessoas nuas n'um paraíso, com quase tudo que há de se querer e uma proibição idiota. um fruto, um significado, uma serpente que induz ao querer, ao desejo. e então comete-se um pecado (pe-ca-do, essa palavra é tão linda e não consegue me remeter à nada ruim). o pecado da saciedade: um miolo de euforia imensa rodeado de pétalas robustas de dor.
existe o céu, a terra, os animais, as pessoas, e existe tudo aquilo que não podemos ter.
minha urgência nunca pôde ser limitada. não tem nem um nome, por que teria fim?
prefiro dois pássaros voando à um na mão. prefiro me sufocar com minha pressa, me afogar na minha tempestade, ter medo do meu reflexo e das minha sombras. mas que não me seja imposto um limite, um fim, uma escolha entre o que quero e o que também quero.
eu perco o controle fácil demais, me deixo levar pelas querências que me tomam e atropelo o que de bom me acontece. o meu miolo perece antes das pétalas.
sobra vazio rodeado de dores, caindo uma a uma.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

não gosto de cores sem vida. essa moda de fotos em tons pastéis não é do meu gosto.
preciso de cores vivas, vibrantes. de marcas, luz demais, muito contraste.


e tudo anda tão desbotado em nós...

terça-feira, 12 de julho de 2011

os sonhos são sempre adiáveis.
e os medos saem toda noite de dentro do armário.
o peso de ser um monstro.
a tristeza de ser um peso.
e nenhum chão, nenhum caminho, nenhuma luz...
eternos fins.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

dialética

(Vinicius de Moraes)



É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Célia diz (23:34):
*tava lendo alvaro de campos hj
*e vi um outro pedaço meio vc

Ana diz (23:34):
*me manda

Célia diz (23:36):
*Afinal
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.  
Sentir tudo de todas as maneiras.  
Sentir tudo excessivamente,  
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas  
E toda a realidade é um excesso, uma violência,  
Uma alucinação extraordinariamente nítida  
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,  
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas  
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Célia diz (23:37):
*Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,  
Quanto mais personalidade eu tiver,  
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,  
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,  
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,  
Estiver, sentir, viver, for,  
Mais possuirei a existência total do universo,  
Mais completo serei pelo espaço inteiro
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,  
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,  
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.  



sim. muito eu. e perfeito.

lítio

(Nirvana)


Eu estou tão feliz
Porque hoje eu encontrei meus amigos
Eles estão na minha mente
Eu sou tão feio, mas tudo bem,
Você também é, quebramos nossos espelhos
Manhã de domingo é todo dia
Me importo com tudo e não estou com medo
Acendo minhas velas, com deslumbre
Pois encontrei Deus

Eu estou tão só, mas tudo bem
Eu raspei minha cabeça e não estou triste
E apenas talvez eu deva ser culpado
Por tudo que ouvi. Mas eu não tenho certeza
Estou tão empolgado
Eu não posso esperar para te encontrar lá, mas eu não me preocupo
Estou tão excitado
Mas está tudo bem, minha intenção é boa

Eu gosto - eu não vou pirar
Eu sinto sua falta - eu não vou pirar
Eu te amo - eu não vou pirar
Eu te matei - eu não vou pirar




é... bem isso.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

dia pesado. e a princípio ninguém diria que seria assim. começou bem, com disposição, pessoas queridas, brincadeiras com a Chérie. mas aí eu fui pra consulta... e tudo deu errado.
não é que ele tenha sido chato, frio, distante... não, ele não foi, ele nunca é. foi um amor, paciente, preocupado, atencioso. conversamos sobre a estabilidade que o lítio trouxe (eu estava tão feliz por isso! agradecia à quem quer que fosse - deus? - a cada dia que me descobri estável), falamos sobre os efeitos colaterais que já não me incomodam tanto. até que reclamei de estar engordando muito. quase 8kgs. e ele disse que era melhor trocar o estabilizador, que não valia a pena. é claro que vale, meu senhor, minha estabilidade não pode ser pesada em balança nenhuma. vale muito mais que manequim baixo ou clavícula à mostra. perguntei se não podia trabalhar com mais um medicamento (sim, mais um, e minha garganta não aguenta mais tanto comprimido). "para o seu quadro temos muitas opções. vamos testar outra." testar. e eu me vi como uma cobaia de mim mesma.
cheguei em casa e fui ler a bula do remédio novo. tudo muito ruim, muito difícil, um tanto perigoso. e tudo isso sem garantia nenhuma. pode ser que a troca de medicação desencadeie uma crise (e eu tenho evitado tanto, tanto...), pode ser que eu engorde ainda mais, pode ser que os efeitos colaterais me atormentem mais que os do lítio, pode ser, pode ser, pode ser... aaah! isso tudo é tão cansativo.
que espécie de vida é essa que me exige remédios para vivê-la? por que eu sou tão sem encaixe que preciso me adaptar à um mundo que não é meu? por que drogo meu corpo, estrago meus órgãos, pago fortunas e ainda acho que está tudo bem, que estou fazendo a coisa certa?
queria jogar tudo pro alto. estou tão cansada... não aguento mais uma crise, não, por favor, não.

acabei de tomar o lítio e a bupropiona. a partir de amanhã tenho depakene também. e depois o lítio vai embora.
vou deitar, pegar aquele livro grande e cansativo sobre essa porcaria de transtorno pra ver se me conformo. é, Ana, você é assim, sabe-se lá por que e tem que viver com isso. foda-se. conforme-se. tanto faz.

sábado, 2 de julho de 2011

um pouco mais de paciência

mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
a vida não para...

enquanto o tempo acelera e pede pressa
eu me recuso, faço hora, vou na valsa,
a vida é tão rara.

enquanto todo mundo espera a cura do mal
e a loucura finge que isso tudo é normal,
eu finjo ter paciência.

o mundo vai girando cada vez mais veloz,
a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência.

será que é tempo que lhe falta pra perceber?
será que temos esse tempo pra perder?
e quem quer saber? a vida é tão rara, tão rara...

mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
eu sei, a vida não para, não...

a vida não para...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

combustível

sou movida por paixões. extremos que me impulsionam e me fazem querer sempre mais. que me tiram o chão pra que eu mesma possa construir o caminho a seguir.
tudo em mim é muito. os excessos transbordam.
e quando fico assim, sem expectativas ou planos, já sei do que preciso: uma mudança drástica, uma novidade apaixonante, uma possibilidade encantadora. ou qualquer coisa que o valha.

que venha algo novo. e que venha logo!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

não faz sentido

eu tenho dois caminhos para seguir e nenhum deles é o que eu queria. os dois se aproximam - cada um de um jeito - dos meus desejos, mas nenhum é exatamente o que me faria feliz.
não é que eu queira aquela felicidade permanente (e utópica). só queria ficar bem. sem aspas, que é como eu costumo estar.
tudo está "bem" no momento. continuo estável há mais de um mês. os efeitos colaterais dos remédios já não incomodam tanto. meu relacionamento com meus médicos é ótimo. tenho um relacionamento que me faz tão bem que lítio nenhum superaria. minha yorkshire é meu maior pedaço de amor. tenho uma irmã maravilhosa que é minha melhor amiga. e já não preciso de relações superficiais como as que alimentei por tanto tempo. aliás, na última sessão de terapia, a psicóloga me fez enxergar como tenho me afastado do que eu fui e me aproximado do que quero ser justamente pelo tipo de pessoas com as quais me relaciono.
não tenho muito dinheiro, é verdade, mas não me falta nada que preciso. oportunidades dos mais diversos tipos têm me aparecido e eu tenho autonomia para ficar ou não com elas. eu posso escolher! e isso é de uma magnitude que não tenho como explicar.
o problema é que entre os meus caminhos, não sei qual escolher. já tentei pesar os prós e contras, mas em qualquer um dos dois sou privada do meu bem mais valioso e pelo qual mais prezo: minha liberdade.
não sei o que faria tendo-a nas mãos, afinal poucas vezes fui deveras livre (só fui muito enganada pela euforia que me fazia acreditar que eu era a própria liberdade). mas o que eu sei é que ficar presa à situações e relações doentias não é o que quero. talvez seja essa minha mudança com pés no chão (porque sempre que mudei foi por impulso)... talvez seja só o cansaço... mas permanecer inerte não é o que eu quero. não dá mais pra fugir, preciso escolher um caminho... e só me resta medo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

abismos

nas redes sociais quase todo mundo tem um álbum do tipo "a coisa mais importante do mundo" e as fotos são da família. tenho uma amiga que ainda se sente a namorada do pai, tenho outra que diz que não seria nada sem a mãe que é sua fortaleza. sempre ouço as pessoas (até mesmo minha irmã) se despedindo no telefone: 'tchau, mãe, te amo.' ou dizendo de boca cheia e olhos claros que o pai ainda é o seu grande herói. me contam ensinamentos que receberam dos pais, dos avós, coisas que contribuíram pra formação do seu caráter e senso de justiça. recebem apoio financeiro e emocional dos pais, recebem broncas também, aliás. contam com um amparo certeiro, um apoio incondicional. "mas ela me ama de qualquer forma, ela é minha mãe", "ele nunca vai me abandonar, é meu pai, sou a coisa mais importante da vida dele".
e o que eu sinto nem chega perto de inveja, de tão menor e mais triste que é.
não sei quando fui abandonada. se aos 9 anos quando meu pai quis fugir, se aos 15 quando me tornei o desgosto da família inteira, se aos 18 quando saí de casa sem grandes avisos, se aos 22 com a descoberta de uma doença mental. não sei exatamente quando eu deixei de ser amada, quando deixei de contar com os abraços e colos e olhos compreensivos ou repressores. o que sei é que ficou um buraco tão grande, um abismo entre o que queria ter e o que tenho. o que mora dentro de mim é uma falta que nada preenche, que nada pode suprir.
a psicóloga diz que eu devo construir minha própria família e esquecer o que passou. e eu tenho vontade de dizer que não sei o que é uma família, portanto não posso ter uma.
tenho irmãos que amo mais que qualquer outra coisa na vida, irmãos que eu queria proteger de tudo e de todos, inclusive dos nossos pais (talvez principalmente dos nossos pais). e tenho inseguranças tão grandes que não caberiam em um mundo inteiro que fosse feito só pra elas.
imagino que daqui há alguns anos não terei mais contato com meu pai que terá se perdido na sua busca eterna pelo nada, que minha mãe vai continuar enganando a si mesma e esquecendo que a vida é pra ser vivida e nos falaremos superficialmente. meus irmãos vão ser meu único elo familiar e vou me emocionar sempre que vê-los, como já acontece agora.
e talvez um dia eu escreva uma carta dizendo: 'pai, eu te entendo. e eu te amo. mãe, eu te perdôo. sempre te amei e sempre vou te amar muito'. espero ter o endereço para onde enviá-la. que a gente não se perca no tempo, meus grandes e impossíveis amores.

não ter

sem lugar. sem teto, sem proteção, sem independência, sem segurança. sem disciplina, sem responsabilidade, sem paciência, sem planos. sem luz-no-fim-do-túnel, sem esperança, sem amanhã-vai-ser-outro-dia. sem forma, sem fórmula, sem encaixe, sem conserto. sem expectativas. sem colo quente, sem silêncio confortador, sem coragem, sem medo o suficiente. sem o passado, sem o presente, sem o futuro, sem qualquer coisa que seja relativa ao tempo. sem profundidade, sem objetivos, sem caminhos. sem nenhum controle. só a exaustão.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

contramão

tô parada no caminho. não sei nem se é o meio. já fiz algumas escolhas, dei passos grandes, tomei decisões difíceis. e agi muito por impulso também, claro. me deixei guiar pelo vento algumas vezes, corri mais rápido que o tempo. e cheguei aqui, nesse ponto exato da minha estrada. às vezes é difícil caminhar, então eu me sento um pouco pra descansar. e alguma hora preciso levantar e continuar, certo?
mas para onde? em qual direção? como dar o próximo passo?
é como se eu tivesse desaprendido a andar. acontece que enquanto fico aqui, parada sem saber o que fazer, o tempo continua passando, as luas e os sóis correndo. e todo mundo continua andando, por desejo de alcançar o objetivo, por costume, mecanicamente, tanto faz. mas dão um passo após o outro e saem do lugar.
e eu aqui. estacionada.
o vento não me derruba, mas não mais me impulsiona.

há uns dias vi um blog antigo meu e li algumas coisas, dentre elas um desabafo em que eu dizia nem imaginar onde estaria dali a dois anos.
os dois anos se passaram... e eu continuo aqui.
não dá pra confiar que com os próximos dois (cinco, oito, dez) será diferente.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

o tempo existe sim, e devora.

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.


O dia em que Júpiter encontrou Saturno, Caio Fernando Abreu.
então você acorda e se dá conta de que não tem nada de concreto na vida.

domingo, 5 de junho de 2011

"a Ana é muito problemática pra você."

uma vez essa frase me tirou o chão. de repente toda insegurança do mundo tomou conta de mim, toda culpa que podia existir morava aqui dentro. problemática demais pra você. e pros meus pais, pros meus irmãos, meus amigos, meus professores, meus chefes, meus cachorros. pra mim mesma, óbvio, mas dessa parte não dava pra lembrar, a culpa não me permitia. 
quantos problemas eu já havia causado até ali? quantas vezes ouvi meus pais dizendo que eu tinha estragado tudo, que eu era o maior problema da vida deles? quantas vezes a diretora da escola recomendou às meninas que não fossem minhas amigas?
meus namoros não costumavam durar muito tempo, o Tales (amigo há muitos anos) diz que tenho prazo de validade. e os que duraram foram mais conturbados que pacíficos. já fiz sofrer muito mais do que eu gostaria. é como se não estivesse no meu controle.
quando as pessoas se afastavam de mim magicamente mudavam de vida! ficavam mais bonitas, mais bem-sucedidas, mais extrovertidas, mais estudadas. cheguei à conclusão que sim: eu sou problemática demais pra qualquer um. tenho um peso que nem sempre dou conta de carregar sozinha. divido e estrago tudo.
problema de auto-estima, auto-piedade, culpa excessiva...? talvez.
não escrevi pra chegar à conclusão nenhuma e nem tô pedindo pra que ninguém analise isso. 
foi só necessidade de colocar pra fora o que já cansou de sair só em lágrimas e "adeus".

"Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."

A Hora da Estrela

sábado, 4 de junho de 2011

despierta!

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Ferreira Gullar

sexta-feira, 3 de junho de 2011

sincronicidade V

- do que você tem medo?
- não quero falar de medo. quero falar de amor! "cantar o amor antes que o amor acabe", vamos? - deitei mais a cabeça no colo dele, meus cabelos bagunçados balançavam pendurados entre o colo, o sofá e o chão.
- falar de amor? podemos também. você tem medo de amar? - riu pretensioso, os olhos rindo junto, os dedos fazendo cachos em uma mecha de cabelo caída em seu colo.
- tudo bem então, você venceu, vamos falar de medo. por que é que você tem essa cisma? por que quer sempre saber se tenho medo, se fujo de algo e do que é?
- pra pegar na sua mão - e ele pegou na minha mão - e enfrentá-los até que eles desapareçam. então nenhuma fuga mais será necessária.

terça-feira, 31 de maio de 2011

- toda cheia de estrelinhas. - ele fechou a porta e eu estranhei, não era comum. talvez hoje eu parecesse mais normal que o habitual.
começou a ler aquela folha de papel ofício com caneta azul, carimbo, caneta preta, carimbo. a maior parte da minha vida resumida em alguns parágrafos e nomes como escitalopram e carbonato de lítio logo abaixo.
- como você está se sentindo?
contei da melhoria nas últimas semanas, mas também da depressão que foi forte e persistente. contei da oscilação rápida, da euforia que (lamentavelmente) durou poucos dias.
ele me perguntou do sono, dos efeitos colaterais, explicou algumas coisas. tirou um remédio, aumentou a dose dos outros dois. marcou retorno para daqui a 15 dias.
- até ajustarmos os remédios precisamos desse contato mais freqüente, depois fica mais espaçado. os remédios têm que trabalhar à nosso favor. quando aparecer uma crise aumentamos a dose, quando a crise for, voltamos pro normal. você tem que se informar muito, ler sobre o assunto, aprender os termos, os sintomas, as suas reações particulares. é importante que você reconheça o que está acontecendo para o tratamento fluir bem. você tem que aprender a lidar com isso porque vai enfrentar por toda a vida.
toda a vida. é. eu sei.

tudo é muito mais leve quando o mundo não está em escalas de cinza. a consulta foi muito boa, o médico foi receptivo e atencioso, eu saí de lá com todas as dúvidas esclarecidas e confiante no meu tratamento. "por toda a vida" não me soou triste, pelo contrário, fiquei feliz com a certeza de nunca cair na estabilidade comum à todos, essa aí que eu nunca experimentei e não tenho a mínima curiosidade de experimentar.
tomei um sorvete e fui colocar um piercing no nariz.
de repente eu tenho 16 anos e todos os sonhos do mundo.

amor, amorzinho


eu ia escrever um texto reclamão, cheio de indiretas e com um final bem desesperançoso. mas aí eu olhei pro lado e:




eu não preciso disso.
boa noite pra vocês também.

sábado, 28 de maio de 2011

você é meu e eu não aceito nada contrário à isso. que se dane a pose de mulher-equilibrada-e-segura-de-si. que se dane a exigência diária de ter um relacionamento baseado em estabilidade. se eu não sou assim, quero convencer a quem que posso amar desse jeito?
não, não posso. meu jeito de te amar é forte e tem esse quê de destrutivo. posso soar meio louca querendo te estapear no meio de uma discussão banal só porque você ri pretensioso (você não devia fazer isso, definitivamente), posso parecer completamente descontrolada ao ignorar todas as coisas bonitas que construímos só por um deslize que você comete. eu sei, eu sei perfeitamente que tudo isso não parece nada racional. mas que se dane. não quero parecer mais nada. não me importam mais as aparências. não preenchem, não sustentam.
não me serve nada menos que plenitude. que paixão exalando por todos os meus poros, ainda que isso custe ciúme transbordando os copos, embebedando as noites.
não posso prometer ser previsível ou compreensiva. só posso prometer os beijos mais famintos e os olhos mais atentos.
não posso ser comum. não posso pintar as nossas flores de 'amor-perfeito'. têm sido damas-da-noite, que amam muito e logo secam.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

nome próprio




ainda tô meio engasgada depois de assistir esse filme. é muito carregado de drama, a câmera parece guiada por uma pessoa que não entende nada de filmagem até que você vê que detalha exatamente o que precisa, mesmo quando dá voltas ou fica torta. as palavras sendo escritas (literalmente) na tela e virando enredo da história. a atuação da Leandra Leal é tão incrível que dispensa qualquer comentário.
é o clichê urbanóide atual. que povoa toda a minha vida. to-da.
a solidão da Camila é a minha solidão. o transferir pro 'papel' as desgraças e os amores. a paixão pela escrita, a exposição, a intensidade, a depressão, os surtos. o excesso.
a cena em que ela começa a lavar a cozinha me fez ficar em posição fetal recordando as mil vezes que agi da mesma forma. as vezes que ela se perde nos braços das paixões inventadas... e quando ela acredita que é real 'os livros também acabam.'
ainda tô engasgada. assistam.

assim, bem assim

(clica na imagem)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

pra te aprender

você vive me apresentando coisas novas, e a maior parte delas é sobre mim mesma. a primeira descoberta acabou se tornando uma dívida: se eu fosse uma música, seria um samba. merecia um e você o faria. ainda estou no aguardo.
soube também que tenho lindas maçãs do rosto (maçãs do rosto, veja só você, quem é que repara nessas coisas?). e que eu seria capaz de abandonar o "antes" para viver de "agora" e "depois". descobri que aquele sentimento egocêntrico e castrador - que jurei não fazer mais parte de mim - ainda pode me tomar inteirinha algumas vezes. e que eu, a rainha do drama (e da briga, sejamos bem sinceros) sou capaz de relevar muita coisinha e coisona se for pra que nosso aconchego nos braços um do outro aconteça.
ah, coisinhas... as minuciosidades, os detalhes... coleciono todos! frases, palavras soltas, risadas, opiniões, reações, carinhos, cheiros, sons, lembranças. minha memória - tão castigada, tão acabada - virou uma caixinha enfeitada com flores e laço de fita, recheada de cores e luzes e alguns borrões. quem se importa? num todo é tudo muito lindo.
você me mostrou também como abandonar velhos vícios. o da indiferença, por exemplo, não preciso mais cultivar. cerco-te de amor por todos os lados. e o principal, o vício da fuga, esse foi embora: fugiu! por você hoje eu sou entrega, sou paixão, pele, delírio, convicção. só me escondo no seu colo e é do resto do mundo, porque esse sim atormenta e me faz espernear. você não, você me acalma, me nina, me conduz pra uma realidade que não é essa doentia que vejo nos noticiários e no cotidiano que somos obrigados a seguir. é um mundo com cores, sons, sensações, luzes e, tudo bem, tem também os borrões... mas lindo, muito, muito lindo. e nosso.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

amores que não são da china

um amor que não venha pronto, mas não demore a se fazer inteiro. com o cheiro do outro impregnado na própria pele, com a lembrança do primeiro e do último beijo após cada 'tchau', com um 'nós' sem apertos, só entrelaços.
um amor dos que não foram vividos ainda, dos que só os românticos em essência vivem em sonhos e se frustram por não vivenciar no plano real. sem jogo de egos, sem guerrilhas de ciúmes. sem insegurança. sem grandes medos. que o maior medo seja escolher errado o sabor da gelatina ou atrasar um pouco para o encontro marcado pra logo mais.
amor que faz cócegas por dentro. que faz sorrir com os olhos. que faz suspirar ao longo do dia com lembranças puras ou não. que faz ter desejos incontroláveis. um amor que não censure nenhum tipo de desejo, de nenhuma espécie, com nenhuma finalidade.
um amor que se faça apaixonado todos os dias. que surpreenda de maneiras bonitas e quentes. que jamais - nunca, em tempo algum - assuste.
um amor que se faça presente em tempo integral. e que isso deixe de ser perturbador para ser reconfortante. que se possa sonhar junto, planejar junto, fazer junto. que nenhum sonho ouse parecer pequeno ou bobo aos olhos do outro.
que o aprendizado seja constante e os dois guiem-se mutuamente por ele. que os tropeços não passem de motivos para rirem juntos. que o medo da queda seja muito pequeno comparado à certeza da conquista.
um amor que dê certezas. sim, certezas, chão, coisas concretas, sólidas e palpáveis. porque de efêmera, breve e incerta já basta a vida.

sábado, 21 de maio de 2011

Gabito Nunes

"Num instante você me olha apaixonado e depois se vira pra janela ficando um pouco fora do ar. Nessa hora me belisco pra não saber do porquê, sem esquecer do dia você me falou que nem toda pergunta requer uma resposta. Mas então não fica assim, não precisa dizer nada, só não me deixe faltar aqueles abraços silenciosos pra calar a boca de quem me mandou ter calma contigo. Agora que eu me perdi, só preciso de você me dizendo que amanhã ainda vou te achar no mesmo lugar, se eu procurar. Eu te quero, na medida do impossível.

Pega no meu queixo e diz que não sou só eu que sinto medo aqui. Faça alguma coisa ruim, qualquer coisa que me impeça imediatamente de sentir esse amor absurdo por você. Estou nas suas mãos e isso não é uma metáfora. Porque eu já não sei mais nada. Parece que sou mesmo seu foco de vida, mas também pode ser que você ande apenas distraído do resto do mundo. Ou, vai que você tá mesmo certo, as coisas são assim mesmo, o amor invade pela boca enquanto a gente se olha e fica rindo."

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"não faço mestrado,
 mas meu brigadeiro é 
ótimo."

a banda mais bonita da cidade






porque eu estou completamente apaixonada.

sabe quando tudo vai mal e, de repente, as coisas vão se iluminando?
pouco a pouco, sem pressa, sem os costumeiros exageros.
só luz. e pureza.


(essa é a última oração pra salvar seu coração)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje já é outro dia.


Fernando Pessoa.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

- mas todo mundo tem seus momentos bons e ruins, todo mundo fica "pra baixo" e sem vontade de fazer as coisas, você precisa ser mais forte e lutar mais pelo o que quer...
sabe o que eu quero mesmo? eu quero que vocês vão todos tomar no seus cus.
vocês não têm a mínima idéia do que estão falando e menos ainda do que eu sinto e passo a minha vida inteira. e eu não quero a dó, o esforço, as fofoquinhas, os incentivos falsos, eu não quero porra nenhuma de vocês.
só tomem no cu e me deixem em paz.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

está tudo planejado:
se amanhã o dia for cinzento,
se houver chuva
se houver vento,
ou se eu estiver cansado
dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas
conhecidas pela casa
a mesa posta
e gasta
está tudo planejado
apago as luzes, no escuro
e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então
visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock
até cair

terça-feira, 10 de maio de 2011

libidinosa

quando morava com meus pais meus horários eram muito restritos. eles sempre foram mais rigorosos comigo do que com meus irmãos, e mesmo depois de quase três anos morando separados da filha problemática, ainda são.
foi em uma dessas noites em que eu tinha que voltar antes das dez horas da noite que a Vanessa apareceu no meu portão. minha mãe não gostava dela, já tinha percebido que era uma das minhas amigas lésbicas. não sei que já tinha percebido é que dávamos uns amassos sempre que nos víamos.
tínhamos menos de 18 anos e muito pouco juízo, como já era de se esperar.
Vanessa me chamou para uma reuniãozinha na casa da Gislaine, uma amiga do colégio. pra beber um pouco e conversar. eu sabia a real intenção por trás daquilo e aceitei. inventei uma desculpa qualquer pra minha mãe e fui com ela.
já no meio do caminho nos agarramos como sabia que ia acontecer. chegando lá vi que só tinha cerveja, que é a única bebida que eu não tomo. e maconha, que eu não uso. tinha um amigo gay delas, o Fernando, e ele já estava muito alterado. normalmente eu acharia aquilo horrível e ia de volta correndo pra casa, mas naquele dia eu achava tudo muito divertido.
levei Vanessa pro quarto da Gislaine e fizemos tudo o que estávamos acostumadas a fazer.
depois o Fernando, muito mais chapado do que já estava, chegou andando de salto alto e falando coisas sem sentido. eu era a única sem usar droga ou álcool, e era a que mais me divertia, falava coisas engraçadas, ria de tudo. eles pediam para ver meu sutiã e eu mostrava, me exibindo, deixando que eles pegassem onde quisessem.
- me dá um beijo? a Alice era tão apaixonada por você e vivia falando desse beijo gostoso, quero saber como é. - me pediu o Fernando. Alice era uma ex-namorada que fez parte da minha vida de um jeito muito bonito. o comentário só me causou mais euforia, alimentou meu ego, aumentou minha libido já exagerada. e então eu o agarrei e beijei com voracidade. ele era gay e aquilo não fazia o menor sentido.

em outro episódio Gislaine e eu já havíamos ficado juntas, no banheiro de um shopping, durante uma parada gay. eu namorava com Alice e ela me esperava do lado de fora do banheiro. também não tinha bebido nada, e era completamente apaixonada pela minha ex-namorada.

e sobre namoros apaixonados houve o Pedro que foi a maior perda da minha vida. ele apareceu em meio ao meu caos. e, como não poderia deixar de ser, foi consumido por ele.
em uma das noites em que eu o arrastava para meus programas malucos, estávamos bebendo com um grupo de gays e minha amiga Jenifer. de lá decidimos ir todos para a casa do Rodrigo, um dos amigos gays da turma. compramos mais bebidas e fomos. um dos caras, o Junior, era muito lindo e Jenifer e eu brincávamos de seduzí-lo, óbvio, sem sucesso. ele nunca havia ficado com mulher na vida inteira.
chegando na casa do Rodrigo já estávamos todos bêbados. Jenifer se atracou com um dos meninos que era na verdade bissexual. e eu já tinha um quarto reservado pra mais tarde com o Pedro. Rodrigo era muito parceiro quando o assunto era sexo.
em algum momento Junior e Jenifer me chamaram para ir ao banheiro fazer xixi. essas coisas que meninas e gays fazem juntos. enquanto ele fazia xixi sentado, Jenifer e eu nos provocávamos.
- se vocês se beijarem eu beijo vocês. - ele sabia que estávamos mesmo afim de beijá-lo. - nunca vi duas mulheres tão bonitas assim se beijando.
não precisou pedir duas vezes, claro. nos agarramos e ele soltou gritinhos histéricos. até que de repente senti uma encoxada e uma pegada tão certeira que eu jamais diria que ele nunca tinha tocado o corpo de uma mulher antes.
descíamos para a sala e ficávamos com nossos respectivos pares, e toda hora estávamos os três nos atracando no banheiro novamente. quando começaram a desconfiar de alguma coisa, fingimos que o Junior estava passando mal e estávamos cuidando dele.
terminei a noite no quarto com o Pedro.


não sei se sou o tipo de pessoa que pode ser considerada promíscua. hoje sei exatamente o que me levou a fazer essas coisas e tantas outras, o que deixava a minha libido descontrolada, meu senso crítico sem nenhuma noção e minha impulsividade comandando tudo no meu corpo.
provavelmente todo mundo que ler isso vai me olhar diferente. e não é nem o começo do que aconteceu na minha vida sexual convivendo com a hipomania e seus exageros.
o que eu quero dizer com tudo isso é que perder o controle não só é pular de um penhasco ou tomar uma dose fatal de veneno, não é só ir parar numa enfermaria de hospital psiquiátrico e tomar sedativos ou choques. perder o controle é despersonalizar-se, deixar que qualquer coisa que é só uma parte de você passe a ser o seu todo e te faça tomar decisões impensadas que mudam todo o curso da sua vida.
eu não me viciei em drogas, não peguei nenhuma DST e nem engravidei. por sorte, por Deus, por um piscar de olhos, talvez. mas perdi tantas coisas que são imensuráveis, incalculáveis... e imperdoáveis.


(...)
Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.

Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do que as que vi ou verei.
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.

Álvaro de Campos

quinta-feira, 5 de maio de 2011

é só saudade


da nossa cumplicidade. dos olhares que desvendavam e não desses que parecem perfurar.
dos silêncios que confortavam e não desses incômodos que precisam ser preenchidos com qualquer assunto banal.
das nossas conversas despretensiosas que eram esquecidas no minuto seguinte, e não dessa mania que adquirimos de remoer cada palavrinha dita.
do futuro ser quase palpável.
de me sentir completa mesmo sem estar fisicamente ao seu lado.
de me sentir completa e absurdamente feliz quando no seu abraço.
de não existir dúvida quando nossos peitos estavam próximos.
é só saudade... e dói tanto...











(e saudade não é amor. continuo cansada.)



quarta-feira, 4 de maio de 2011

EUSpelho - Curta para o Festival Curta a Vida 2009




a morte às vezes é mais desejo que medo.
a noite, tortura sem fim. espinhos entre o 'não' e o 'sim'.
me resta a dor, a fé e o suor.
espero as férias, a cura.
pra mim a esperança não ressuscitou no terceiro dia.
e minha maior dúvida é que, se eu conseguir dormir,
quando eu acordar em que pólo vou estar?



segunda-feira, 2 de maio de 2011

eu não quero mais falar de amor.







(não é revolta, não. é só cansaço)

domingo, 1 de maio de 2011

nostalgia

algumas vezes eu ando por aí com fones de ouvido que não tocam música alguma. só quero me ausentar do barulho que o mundo faz - é demais pra mim. a razão de não ouvir nenhuma canção é por não querer sentir o que elas trazem consigo. cada uma delas têm seu peso, suas dores, suas alegrias, suas lágrimas, suas esperanças, seus jardins.
prefiro o silêncio.
foi então que hoje as músicas foram tocando aleatoriamente enquanto eu conversava com pessoas queridas. algumas mexeram tanto comigo que não consegui fugir. e quando tocou uma em especial (e não, eu não preciso dizer qual é, ela jamais terá para ninguém o som que tem pra mim) as lágrimas saíram de tão profundamente que doeram. e eu também sorri.
que saibamos o momento de sentir saudade. s-a-u-d-a-d-e. do primeiro namorado que dava presentes que mandava a irmã escolher, por tanto medo de errar. dos amigos que sentavam na calçada pra tocar violão e rir noite a dentro. das viagens impensadas e incríveis. do conviver diário com o crescimento dos irmãos. do animal de estimação que deu e recebeu mais amor que qualquer outra pessoa que passou pela sua vida. do carinho excessivo de um pai com muito amor e muita falta de jeito. do amor destrambelhado de uma mãe tão perdida quanto você. da primeira mudança capilar radical e a ansiedade pela aprovação alheia. de ter tantas certezas e tão poucas ameaças reais. dos castelos de areia parecerem mais sólidos. da professora que não te ensinou a matéria do colégio, mas te salvou de alguma (ou qualquer) maneira. de avós lindos, lindos. de primos com tanta vida nos olhos e tanto chão pela frente. de recostar-se no peito de quem amava e ter certeza que nenhum mal poderia te atingir - nem longe dali. de ter certeza que o amor (e talvez só amor) salva. de crer em deus e em todas as maravilhas que ouviu dizer que ele é capaz. de acreditar que ainda tem uma vida toda pela frente.
e que saibamos, principalmente, deixar a saudade ir embora... com tudo o que ela traz.

inquietude

minha irmã bordava e eu acompanhava com os olhos. inquietos, como minhas mãos. gesticulavam muito enquanto eu contava um caso atrás do outro, assuntos mil sem nunca ter fim.
eu precisava de repouso. sabia disso tão bem quanto também sabia que não conseguiria tê-lo. os pensamentos são velozes demais, não se aquietam, não dão sossego.
pensava em bordar, mas se caso não conseguisse colocar a linha na agulha de primeira tentativa, certamente enfiaria a agulha no dedo, a quebraria ou gritaria mil palavrões como se pudesse ofendê-la. perdia a razão, logo eu, veja só, a pessoa que mais se obriga a ser racional que já conheci em toda minha vida.
era capaz que eu acreditasse que minha agulha se entortou de propósito, só pra que eu não conseguisse fazer o que havia planejado para aquela tarde. que ela queria me envergonhar, me fazer passar por tapada na frente da minha irmã. e então eu ficaria ainda mais irada com a pobre e não restaria nem um pedacinho pra contar história na caixinha dos bordados.

quando meu irmão namorava a Magá (que hoje é das minhas melhores amigas) costumávamos passar o domingo juntos, toda a família reunida na casa da minha mãe. almoçávamos, comíamos alguma sobremesa deliciosa que a cunhada preparava e depois conversávamos e ríamos o resto do dia deitados na cama grande e espaçosa.
algumas vezes eu não me calava, não deixava mais ninguém falar. perdia a noção completamente. emendava um assunto no outro e geralmente eles não tinham ligação nenhuma. freud, dificuldade de aprendizado, psicopatas, os erros do meu pai, as coisas que meus irmãos e eu aprontávamos quando mais novos, medos, planos futuros, o assunto do momento na televisão... uma coisa logo se encaixava na outra e não tinha espaço pra mais ninguém opinar.
"era cansativo", a Magá me disse uma vez, "eu ficava pensando o que estava acontecendo com você, se era possível que ninguém reparava que algo estava errado, não era normal alguém ficar daquele jeito, você não conseguia desligar, não parava de falar e se movimentar, tinha idéias malucas e ninguém conseguia acompanhar seu raciocínio. eu achava que era uma depressão diferente. sabia que tinha algo errado ali".

não gosto de gritos. minha educação foi feita na base da conversa (sim, podem acreditar).
a Mel insistiu três vezes que eu estava com fome, agorinha a pouco.
CA-RA-LHO, ME DEIXA EM PAZ, QUER SABER ATÉ A HORA QUE EU TÔ COM FOME? VAI TOMAR NO CU. foi assim que eu respondi.




ando raivosa. inquieta. geniosa, teimosa. agitada. im-pul-si-va.
estou perdendo a razão novamente e acredito que seja só um efeito colateral.
o problema todo é que eu não quero parar. é melhor assim. tudo muito intenso... muito eu, muito meu. só meu.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

me lembro de no meio de brigas familiares me perguntarem "o que você está pensando da vida?" e do quanto eu achava aquela pergunta patética. a vida lá era pra ser pensada? a vida é pra ser vivida, meus senhores, até o último minuto. vocês não lêem, não? não escutam samba, mpb, rock? que mundo é esse onde vocês vivem e a vida precisa ser pensada?
e quantas vezes me perguntavam também "o que é que você quer da vida, Ana Paula?". essa pergunta sim me instigava. sou das querências, algo eu havia de querer da vida também, óbvio. não achava resposta, e como para todas as coisas que eu não tinha solução, eu as inventava. felicidade-sucesso-amor-carinho-respeito-sossego-inspiração. mas nesse mundo de certezas e respostas coisas abstratas não são toleradas. e então eu inventava ainda mais fundo: um trabalho que me dê muito dinheiro, uma casa enorme, um carro caro, uma moto mesmo eu não gostando e não sabendo pilotar, escola particular e renomada para meus filhos, um marido bonito e com status, ser magra e bonita para sempre, invejada pela minha inteligência e sagacidade.
a minha real vontade era só uma: fugir. de mim, deles, do mundo.
e só o tempo - tão desleal comigo, ah, o tempo - me mostrou que a pergunta que importa de verdade é "o que a vida quer de mim?". ela me quis com muitos medos e muita coragem. com muitos problemas e muita força. me quis frágil algumas vezes, me mostrou que há mais heroísmo em levantar de uma queda ao chão que em alçar vôo.
a vida me quis sozinha, dos silêncios e dos ecos. das descobertas sombrias. mais dos dramas que das comédias. e que se há de fazer? me fizemos - ela e eu - assim.
a vida esperou de mim decisões firmes e passos largos e nem sempre pude atendê-la. quando pude fui aplaudida de pé pela única platéia que realmente importa: minha consciência. me quis com colo quente e ouvidos macios, com fala aveludada que acalenta os desolados, com um instinto materno e protetor incontrolável.
me quis de desejos ferozes e insaciáveis. de teimosias e argumentações intermináveis. de pulso firme, porém de cabeça aberta.
a vida fez de mim uma pessoa fiel às suas vontades e crenças, e à nada mais.
não importou o que eu quisesse da vida: hoje não há marido com status ou carro importado que sacie minha sede. e fugir não adianta mais.
meu destino é encarar, é enfrentar, persistir.
e se amanhã a minha vida mudar de idéia, não há nada que eu possa fazer senão obedecê-la e seguir.