segunda-feira, 4 de julho de 2011

dia pesado. e a princípio ninguém diria que seria assim. começou bem, com disposição, pessoas queridas, brincadeiras com a Chérie. mas aí eu fui pra consulta... e tudo deu errado.
não é que ele tenha sido chato, frio, distante... não, ele não foi, ele nunca é. foi um amor, paciente, preocupado, atencioso. conversamos sobre a estabilidade que o lítio trouxe (eu estava tão feliz por isso! agradecia à quem quer que fosse - deus? - a cada dia que me descobri estável), falamos sobre os efeitos colaterais que já não me incomodam tanto. até que reclamei de estar engordando muito. quase 8kgs. e ele disse que era melhor trocar o estabilizador, que não valia a pena. é claro que vale, meu senhor, minha estabilidade não pode ser pesada em balança nenhuma. vale muito mais que manequim baixo ou clavícula à mostra. perguntei se não podia trabalhar com mais um medicamento (sim, mais um, e minha garganta não aguenta mais tanto comprimido). "para o seu quadro temos muitas opções. vamos testar outra." testar. e eu me vi como uma cobaia de mim mesma.
cheguei em casa e fui ler a bula do remédio novo. tudo muito ruim, muito difícil, um tanto perigoso. e tudo isso sem garantia nenhuma. pode ser que a troca de medicação desencadeie uma crise (e eu tenho evitado tanto, tanto...), pode ser que eu engorde ainda mais, pode ser que os efeitos colaterais me atormentem mais que os do lítio, pode ser, pode ser, pode ser... aaah! isso tudo é tão cansativo.
que espécie de vida é essa que me exige remédios para vivê-la? por que eu sou tão sem encaixe que preciso me adaptar à um mundo que não é meu? por que drogo meu corpo, estrago meus órgãos, pago fortunas e ainda acho que está tudo bem, que estou fazendo a coisa certa?
queria jogar tudo pro alto. estou tão cansada... não aguento mais uma crise, não, por favor, não.

acabei de tomar o lítio e a bupropiona. a partir de amanhã tenho depakene também. e depois o lítio vai embora.
vou deitar, pegar aquele livro grande e cansativo sobre essa porcaria de transtorno pra ver se me conformo. é, Ana, você é assim, sabe-se lá por que e tem que viver com isso. foda-se. conforme-se. tanto faz.

3 comentários:

Kine disse...

*Abraço* igual aquele do parque.

Andante disse...

Já entrei dentro da fortaleza, já vi a escuridão e tantas coisas seu eu puder ser um braço par gente ir juntos eu vou ser minha amiga

A Equilibrista disse...
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