segunda-feira, 28 de março de 2011

Junior diz:
não se preocupe, dear. você vai ver que não precisamos de certezas.
às vezes eu acho que já conheci e perdi o amor da minha vida.
e tudo isso antes dos 20 anos.










uau, como eu sou cagada.




hoje eu escutei 'you' no evanescence sem querer.
já pedi pra não lembrar e também já pedi pra não esquecer. do rosto, do cheiro, do beijo, do toque, da voz, da risada, das palavras, das promessas, dos planos, da rotina, das brigas, de tudo.
não guardo mais nada. só as cartas que nunca mais tive coragem de ler.



nos vemos na próxima vida. se cuide até lá, combinado?

anna begins

é um ciclo. eu sei como funciona, já se repetiu tantas vezes. flashes de memória, nó na garganta, uma vontade de fugir, de que não fosse assim, de que também não fosse entediantemente estável.
tem a depressão, "a dor em estado bruto". apatia, lágrimas incontroláveis, sufoco, o mundo que corre num ritmo que não posso acompanhar, o abandono de tudo que me é importante por simplesmente não ter condição nenhuma de continuar. tanto tempo útil e eu aqui, inútil. a falta de esperança, e completa falta de vontade. dormir ao amanhecer pra desfrutar do silêncio da noite. muito sono durante a claridade e as oportunidades do dia. tanta culpa, tanta culpa.
e um dia eu consigo lavar louça. no outro atender o telefone. um fim-de-semana faço as unhas e me sinto menos feia. no outro saio e bebo um pouco, mesmo sem vontade. começo a procurar um outro emprego com muito medo de não dar conta. entro em um novo relacionamento como se ele pudesse me salvar da miséria de ser eu. faço planos, listas, engordo mais alguns quilos.
estabilidade. com todo o tédio e o desânimo possíveis. o tempo... tão cruel comigo. sei que logo ele acaba, que vem o furacão e leva tudo com ele, o tempo não me espera. e eu não o acompanho. sempre ficando pra trás, parada ou correndo na frente. nunca no ritmo certo.
oito horas dormidas por noite, bem bonitinho. preguiça. e medo, muito medo.
tanta vontade e tão pouca força.
emprego novo, pessoas legais, estou vendo com outros olhos ou o mundo ficou mesmo diferente? mais possibilidades de relacionamentos, alimento todas elas. emagreço, pinto e corto o cabelo, só uso decotes, o que é bonito é pra se mostrar. unhas vermelhas, maquiagem bem feita, rebolado diário.
impulsos. de ira, de gula, de sexo, de pavor, de amor, de vontades.
urgências.
o tempo voa e não espera, já disse, preciso correr. tenho tantas idéias, a cabeça à mil, se não anotar vou esquecer, mas esqueço sempre de anotar.
é tão bom seduzir. o mundo aos meus pés. e então eu piso.
bebedeiras, noitadas, hedonismo é a melhor coisa que existe, você não acha? o prazer em seu estado bruto, ah, essa euforia. ah, essas cores. ah, dormir pra que? perde-se tanto tempo. e eu não aceito perder. NADA! tudo é meu. eu sou tudo. salvo, protejo, cuido, nada de mau pode me acontecer, eu sou maior que todas as coisas e todas as coisas são tão miúdas e solucionáveis.
sem sono, sem fome, só tenho desejos. por eles, elas, garrafas, barulhos, sons, gemidos, cheiros, novidades, quanto mais melhor, sempre. e a sensação de que vou explodir. em breve tudo explode. em breve a escuridão vai vir, tá tudo claro demais, vai me cegar, eu sei.
respiro fundo. e ando no telhado do 14º andar como se pudesse voar. me meto em briga com um homem de 2m de altura porque ninguém pode comigo. e no mesmo dia prometo me matar. um dia, me acredite, um dia eu vou. isso aqui não vale de nada. eu vou explodir. vou ficar cega.
busco um colo que ninguém dá. um colo que ninguém daria, porque não existe.
minha cabeça tão boa já não memoriza nada, não se concentra, não se suporta. "tá tudo ficando diferente, eu sei", digo na terapia. "vai acontecer de novo". e acontece.
a escuridão completa. dói fundo.



no momento estou medicada. o topiramato acabou hoje, a bupropiona ainda tem pra 10 dias. psiquiatra só daqui à 18 dias. minha psicóloga pediu que, por favor, eu fosse até o hospital e ficasse esperando até ele me dar uma receita, é meu direito, minha necessidade.
e eu não quero. é ridículo, mas não quero. não sei nem o por que.
a esperança é que venha a euforia, as cores, a produtividade, a alegria inexplicável. e se não for, que venha a desistência tão grande a ponto de dar coragem.
isso tudo cansa tanto.

sou

hoje é dia de

cantar bem-me-leve e fechar os olhos sem perceber.




perfume atrás da orelha
vestido bem vestido
um sorriso no rosto
um punhado de amigos
que é pra se acaso eu te encontrar um dia
tu ver como eu ainda tô bonita
ou mais ainda
mais ainda
ou mais ainda
ainda mais bonita

- vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.

(o dia em que jupiter encontrou saturno - Caio Fernando Abreu)


a casa sem nada fora do lugar, mas não arrumada. a tv ligada, o notebook em cima da cama grande com lençol claro, a cadeira do lado da cama onde vou jogar minha bolsa. o meu chinelo tamanho 36 cor-de-rosa embaixo da cadeira.
a sua preguiça e o seu sorriso.
o meu cansaço e a minha esperança. a sua tentativa e o seu abandono.
a internet 3g no meu celular e mensagens pedindo socorro pra alguma amiga tão desesperada quanto eu.
o copo com a bebida doce que você preparou. a embriaguez que não chega. mas fingimos, por que não?
poucos beijos, muitas mãos, pouco desejo, muito exagero.
não tem mais rosto, nem cheiro, nem toque. não tem mais saudade.
um pedaço desbotado de lembrança.
tão poucos olhares sinceros... mas tão bonitos, tão vivos.


e entre mentiras, hipérboles, esperanças e afagos... só ficou o fim.

sábado, 26 de março de 2011

das (nossas) coisas lindas



- eu queria namorar com você desde pequena.

quinta-feira, 24 de março de 2011

ser e estar

- a gente não É, a gente ESTÁ. - disse a psicóloga paciente com roupas de moça meiga
- sim, e eu acostumei a estar sempre instável.
- mas o nosso objetivo não é a estabilidade? você nunca esteve tão perto dela quanto agora.


é. a tal da estabilidade tão procurada por mim está cada vez mais duradoura e real.

e estar estável é:









boring.



domingo, 20 de março de 2011

fofurices

estava brincando com a Monique, de 1 ano e 3 meses, de apontar os lugares do corpo e ela responder o nome certo.
apontei os olhos:
- como chama isso?
- olio
- e isso?
- naliz
- isso?
- boca
- você é muito inteligente! agora uma bem difícil... como chama isso?
- dente!
de tão fofo, apertei as bochechas e perguntei:
- e isso, como chama?
- chama "dói".

hahahahaha lindeza ♥

quinta-feira, 17 de março de 2011

quase nada

segunda-feira, 14 de março de 2011

contra as nuvens

por Deus, nunca me vi tão só
e é a própria fé o que destrói
estes são dias desleais

eu sou metal, raio, relâmpago e trovão

nós

o mundo explode lá fora e quase me afeta - não fosse você e seu jeito único de me fazer voltar a sorrir.
já não me importa nada além das nossas sete cidades (como na música, e eu também já me acostumei com a sua voz, com seu rosto e seu olhar), de aprender a fazer massagem, nossos mojitos e a viagem pra buenos aires em agosto. as aulas de francês em vídeo e Anna Julia, com nn porque fica mais bonito.
é assim que você faz: tira tudo que dói e coloca o que me faz bem. nas coisas mais simples e que me são importantes você coloca confiança e me incentiva. não, você faz muito mais que isso: você me dá a mão e vai comigo. comer pastel de queijo ou andar na chuva, me ouvir falar sem parar sobre algo sem muitas explicações ou rir de qualquer coisa boba, é assim que você faz: você me dá cor, me dá fé, me dá motivos.
tenho medo de um monte de coisas, mas o meu maior medo você tirou sem perceber. não tenho medo de ser só, nunca mais terei, porque tenho você pra mim, porque sou sua, porque temos algo tão nosso que não tem nome e nem data pra ter acontecido, menos ainda pra terminar.
quando você diz que me ama eu sinto seus olhos nos meus, quando eles diziam isso antes que sua voz dissesse. quando a gente se abraça todas as coisas ruins não ousam chegar perto, é tão forte que assusta. e é tão bom que um dia sem nossos corações batendo juntos parece um ano.
quero me aninhar no seu peito e me sentir tão sua que nada vai ser capaz de me atingir. quero te beijar tão longo e demorado que os minutos se envergonharão de passarem tão lentos. quero te olhar tão profundo e ser olhada tão profundamente por você, que nada mais precisará ser dito, todos os nossos medos e segredos serão desvendados, e então seremos tão claramente um do outro que o mundo inteiro vai saber. e vai se querer se amar. tão bom e tão sincero quanto nós.

aos meus meninos

meu coração se aquieta em ter você por perto. queria te colocar no colo, acarinhar os cabelos e cantar uma canção de ninar, como talvez nunca tenha feito, nem quando éramos crianças.
queria tirar da sua vida todos esses problemas tão cruéis, tão injustos. queria que você estivesse sempre assim, ao alcance dos meus olhos vigilantes, dos meus grunhidos protetores, dos meus abraços maternais.
pudesse eu pintar o seu mundo, seria muito azul e nada blue. pudesse eu traçar seus caminhos, seriam seus e nada meus. pudesse eu mudar qualquer coisa, seriam os motivos das lágrimas: seriam de felicidade e orgulho, de satisfação de meta cumprida. não mais - nunca mais - de decepção, de dor, de tanta mágoa e sofreguidão.
meu amor por vocês é tão forte que fere, é tão grande que é bruto. preciso me conter pra que não ultrapasse os limites e deixe de ser protetor pra passar a sufocar. sufoco de amor enlouquece, bem sei eu. e não, não é por aí o que eu quero nas nossas vidas, nas nossas relações - que nem nome têm mais, somos irmãos, pais e filhas, mães e filho, amigos ou só conhecidos por vezes?
somos o amor. vocês são a imagem que eu tenho do amor, são suas vozes a música que ele me canta, são as risadas que vocês dão que embalam meu sono tranquilo, são suas certezas que firmam meu caminho.
é por vocês, e por vezes apenas por vocês, que vale a pena.
por ver você dormindo assim e saber que aqui, aos meus cuidados, tudo está bem... é por isso que tudo sempre valerá a pena.






lembrei daquela música do ludov, que você gosta. queria apresentá-la pro thiago, provavelmente ele não gostaria, mas acho que os ninaria com essa música hoje:

Dorme em paz, já é madrugada
Não dê ouvidos aos ruídos, à essa falta de ar
Meu amor, não pense mais em nada
Feche os olhos e as janelas
Deixe o sono te levar
Pelo escuro

Ser donzela ou matar mil dragões
Ter cautela ou seguir furacões
Deixa o sono te levar

Deixa eu te ninar
Dedilhar os teus cabelos
Teus pesadelos vão terminar

Já é tarde pra mais uma rodada
Seus problemas e dilemas não estão mais aqui
Tanto faz ser vítima ou culpada
Abra os olhos e as janelas
Deixe o sol te iluminar
Deixe tudo pra lá

Se teus sonhos vêm na contramão
Se teus monstros vêem na escuridão
Deixa o sol te iluminar

Deixa eu te ninar
Deixa eu perder meus dedos nos teus cabelos
Teus pesadelos vão terminar

Fala a verdade, por favor
Diz que é mentira esse rumor
Que você vive sofrendo
Que você anda morrendo de pavor

Fala a verdade
Diz que é mentira
Que você vive sofrendo
Que você anda morrendo por amor

Fala a verdade


sexta-feira, 11 de março de 2011

que é feito estar doente de uma folia

brigávamos. como sempre, brigávamos. a rua vazia do feriado e as cabeças cheias dos problemas.
minha euforia era fabulosa. fones no ouvido, sapatilhas dançantes, músicas cantaroladas em voz alta aos poucos transeuntes.
ela se ofendia. como se ofendia com a minha suposta felicidade...
puxou meus fones de ouvido, ríspida, maluca.
- me escuta!
- não, não quero! - recoloquei-os. - i'ts a beaaautifuuul daaay.
arrancou-os novamente, mais nervosa, a voz trêmula:
- eu faço tudo por você, tudo. o que ninguém nunca fez, nunca faria. dou tudo o que quer, faço as vontades mais absurdas, o que mais você quer que eu te dê?
respirei fundo, a raiva transbordando em lágrimas nos olhos, a culpa rasgando o peito, culpa por estar feliz, onde é que já se viu? para onde havia fugido o dia lindo de segundos atrás? para onde eu fugiria com toda a minha dor escondida fundo em alegria?
- paz! eu só quero um pouco de paz!

sentido da vida

quarta-feira, 9 de março de 2011

pílula da felicidade

estava atordoada. o pensamento não se fixava, a única coisa concreta era a sensação de que nada daquilo jamais daria certo. tratamento, remédios, pedir ajuda... tudo em vão. mais um médico, o mesmo diagnóstico, nenhuma resolução. lágrimas. e a psicóloga, tão mais amiga que psicóloga, sentada no banco da praça fria, tentava acalmá-la:
- ele estudou anos e anos pra isso, não acha que deve saber o que está fazendo?
- ele nem me escutou, não quis saber de nada. "esse remédio vai te fazer feliz, vai te ajudar nas suas relações afetivas". que raios de relações afetivas ele acha que eu preciso de ajuda? eu não tenho relação afetiva nenhuma!
- me dá um desse remédio? - um homem interrompeu a conversa, muito sujo por fora, tão claro por dentro. - eu também quero ser feliz. ouvi você dizendo que o médico garantiu que traz felicidade, "melhora as relações afetivas". eu também não tenho não, mas quero ter e que venha boa. me dá um remédio desse, moça?
ah, as lágrimas, a praça fria, o homem imundo, a psicóloga, a confusão mental, o atordoamento, a receita em duas vias, o exame para o fígado, a falta de tato com os próprios problemas... tudo tão próximo, tão sufocante.
- sai daqui. - respondeu ela. ao mendigo, ao transtorno bipolar, ao mundo inteiro. - sai daqui agora.



bem-me-leve



eu pensava ter uma bicicleta
e pedalar até a tua rua
dizer que ainda sou tua

eu queria ser um avião bem leve
pra sobrevoar o teu terraço
e tapar teu sol
fazer tu perceber
que sem eu aí não tem
ninguém pra te aquecer

perfume atrás da orelha
vestido bem vestido
um sorriso no rosto
um punhado de amigos
que é pra,
se acaso eu te encontrar um dia,
tu ver como eu ainda tô bonita

ou mais
ainda mais ainda
ou mais
ainda mais bonita



(d'uma boniteza sem medida)

terça-feira, 8 de março de 2011

primeira pessoa do plural

quando a gente acaba de se separar meu corpo sente falta do seu. sente falta do seu calor que incendeia o quarto, do seu olhar que desnuda a alma.
quando a gente acaba de se separar meu peito sente falta do seu. sente falta do meu amor dizendo ao seu amor o que é o eterno, do seu amor dizendo ao meu amor o que é o pra sempre.
quando a gente acaba de se separar, amor, eu sinto uma falta enorme e quase incontrolável. pudesse eu correr ao seu encontro, te beijaria como se tivéssemos acabado de descobrir o beijo (e não são assim todos os nossos beijos?), te diria o quanto te amo e te quero, te levaria pra qualquer lugar onde pudesse ser sua e você ser meu, como fomos antes de irmos embora.
como somos sempre que estamos juntos, tão nossos, nem um pouco do resto do mundo.
e com você o resto não deixa de ser só isso, só o pouco que é. com você não existem medos fortes o bastante pra assustar, não existem tempestades que não façam parte da nossa sintonia, não existem encaixes que não sejam perfeitos.
quando a gente se encontra os olhos sorriem antes dos lábios, as mãos se encontram sem que percebamos. o primeiro beijo é sempre rápido e aliviado, o segundo longo e cheio de paixão. nossos abraços envolvem tantas coisas além de corpos que seria injusto citar qualquer delas.
e nossos planos são tão espontâneos que povoam nossas conversas dançando livres entre sonhos, vontades, realizações.
porque eu sou tão sua, amor, e você é tão meu. porque o mundo era tão pouco antes que a gente dissesse 'sim'. e porque agora nada consegue ser tão perfeitamente sintonizado-encaixado-simétrico que nós e nosso amor.
não existem mais causas perdidas, não bebemos mais pra esquecer: tudo é ganho, é festa, é comemoração. porque eu sou sua, porque você é meu. eterno, como nossos corações disseram hoje e dizem sempre. por toda a vida.

domingo, 6 de março de 2011

quem sabe um dia

quem sabe um dia eu vou poder te encontrar e beijar seus lábios, olhar seus olhos sorrindo atrás dos óculos que te deixam tão sério. quem sabe um dia vou me aninhar no seu peito e sentir seus braços enlaçando meu corpo e minha alma, e então o mundo será só você e eu.
quem sabe um dia o pé de uma árvore vai ser nosso lar e nossos livros diferentes vão fazer parte da nossa história de tarde feliz.
quem sabe um dia as estrelas testemunhem o maior amor que jamais se viu.
quem sabe um dia os meus planos e os seus vão se encontrar no mesmo caminho e colorir cada tijolinho que hão de construir.
quem sabe um dia seremos namorados eternos.
quem sabe um dia não haverá mais quem sabe, só mais um dia, e mais outro dia, e todos os outros dias... só nossos.

a carta do caio que tenho certeza que fui eu que escrevi

Quando melhorei um pouco, tentei sair e procurar alguns amigos, mas não consegui nenhuma integração com eles. Fiquei surpreendido com o grau de vampirização das pessoas: todas elas preocupadíssimas em falar, falar, falar, extrair opiniões, orientações, dicas, dizer coisas inteligentinhas, mostrarem que não são caretas, que não têm medo, que não sentem dor. Cada contato meu com alguma pessoa representava uma perda enorme de energia vital: eu saía esgotado, confuso, com dor de cabeça e, principalmente, com dor por não poder fazer nada pelo desespero alheio. A minha própria miséria aumentava. Foi aí que a solidão deixou de ser involuntária para se transformar em escolha. E foi bom, está sendo bom. Passo o dia lendo, ouvindo música, vendo velhos filmes na televisão, de vez em quando vou ao cinema ou saio para passear na beira do rio que passa atrás do edifício. Fico lá sentado numa pedra, fumando e pensando nas pessoas que perdi, senão em afeto, pelo menos em proximidade física. De vez em quando choro, é bom chorar, eu não tenho vergonha, mas em todos os momentos existe a certeza de ter feito uma escolha acertada, de estar caminhando em direção à luz. Não nego nada do que fiz, também não tenho arrependimentos ou mágoas: eu não poderia ter agido de outra maneira — mesmo em relação a você — levando em conta o quanto eu estava confuso naquela época. Também já não tenho aquelas queixas infantis, na base do “tudo dá errado pra mim”, ou autopunições como “eu sou uma besta, faço tudo errado”. Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento. Gosto de olhar as pedras e os desenhos do vento na superficie da água, gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio, gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez, gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua — gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas, e por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas. Não sei muito, também não tenho muito, também não quero muito, mas estou aprendendo a respirar o ar das montanhas…


(ia negritar algumas partes. acabei negritando o texto todo. é isso.)

sábado, 5 de março de 2011

sincronicidade IV

- aí o vendedor me perguntou "o cachorrinho é cruzeirense?". falei "acho que ela não gosta de futebol".
ri muito. ele também. e completou:
- isso é azul? achei que era lilás.


lilás é minha cor preferida e se você quis que fosse com esses olhos que vêem tudo diferente, então é. então sempre vai ser, amor.

meme 1

porque eu adoro esses questionários bobos e tô lutando contra o sono e sem nada pra fazer

Onde está seu celular? Carregando grudado no computador
Cor do cabelo? Agora? Castanho com mechas californianas (que já me cansaram, aliás)
Sua mãe? Na casa dela, suponho.
Seu pai? Na casa dele, suponho.
Seus irmãos? Meu irmão deve tá com a namorada piranha e minha irmã deve tá em casa.
Seu filho? Uma no céu brincando, outra aqui na caminha (as caninas). Os outros tão esperando pra nascer.
O que mais gosta de fazer? Ler, escrever, dormir, ver filmes, ouvir músicas, conversar despretenciosamente e beber com os amigos, namorar, fazer 'nada', bordar com minha irmã, terapia, cantar alto e desafinado, viajar, sexo, brincar com a Chérie, fazer planos, estudar coisas do meu interesse, é tanta coisa...
O que você sonhou na noite passada? Ah, não lembro.
Onde você está? No meu quarto, sentada na frente do pc.
Onde você gostaria de estar agora? Aqui mesmo.
Onde você gostaria de estar daqui a seis anos? Em alguma cidade tranquila e bonita.
Onde você estava há seis anos? Pediu demais da minha memória.
Onde você estava na noite passada? No bar do tio Ju com pessoas amadas.
O que você não é? Paciente.
O que você é? Instável.
Objeto do desejo? Um ap e um consultório.
O que vai comprar hoje? Nada, ia comprar um rímel da Eyeko pela net mas não rolou.
Qual sua última compra? Comprei tantas coisas nos últimos tempos que nem sei algo relevante. Um Mentos ontem.
A última coisa que você fez? Levei Chérie no veterinário.
O que você está usando? Short velho curto, blusão de frio de um ex namorado, havaianas queridinha.
Na TV? Tô escutando que a Mel tá assistindo desenho.
Seu cachorro? Meus verdadeiros amores.
Seu computador? Meu queridinho <3
Seu humor? Afetivo Bipolar
Com saudades de alguém? Sempre.
Seu carro? Ainda não.
Perfume que está usando? Hidratante da Johnson só.
Última coisa que comeu? Carne grelhada mais gostosa do mundo que a Mel fez.
Fome de quê? De vida.
Preguiça de? Gente.
Próxima coisa que pretende comprar? O layout pro blog e a headband linda que apaixonei.
Seu verão? Deixa que eu faço só, deixa que eu faço sol.
Ama alguém? Muitos alguéns.
Quando foi a última vez que deu uma gargalhada? Hoje de manhã, vááárias.
Quando chorou pela última vez? Como é bom poder dizer: não lembro!

pra nós

v i d a

Junior diz (12:50):
*hoje estou me sentindo vivo

Ana diz (12:51):
*que maravilha se sentir vivo
*eu quero respirar o ar como se fosse luz
*como se eu pudesse vê-lo

Junior diz (12:52):
*Sim tenho um truque pra isso

Ana diz (12:52):
*me conta?

Junior diz (12:52):
*sim quando inspiramos
*" Cheiramos uma flor "
*Quando expiramos

Junior diz (12:53):
*" Assopramos uma vela "
*imagine isso sempre

Ana diz (12:55):
*quero guardar isso pra sempre na memória

quarta-feira, 2 de março de 2011

laços

- e eu não tenho vínculos. se continuar me afastando da minha família com todo esse desapego, não vai restar mais nada. tenho medo de não ter nada que me prenda.
- vínculos são necessários e são positivos. não só os materiais, principalmente os afetivos.
- e eu não os cultivo.
- não pensa em construí-los?



shelter

terça-feira, 1 de março de 2011

argh

maldito seja o primeiro idiota que feriu meus sentimentos.
e sim, eu sei que isso teria acontecido de uma forma de outra. sei que se não tivesse sido o primeiro, que é óbvio que eu não lembro quem foi, poderia ter sido você. sei que doeria de qualquer maneira.
mas maldito seja o primeiro, maldito seria qualquer primeiro.
porque da primeira dor até aqui vieram muitas outras. e foram desde machucadinhos até imensas feridas abertas. com o tempo não soube mais diferenciá-los, por proteção. ah, maldita seja essa proteção que eu criei. essa proteção maluca e resistente que me salvou de tantas quedas.
se algo me faz um pouquinho de mal que seja, eu tiro da minha vida. e é tão fácil tirar que parece que nem me afeta. assim não dói mais, não tem a chance de me machucar uma segunda vez. mas também não tem a chance de me fazer feliz.
tem tanta gente por aí, não é? tantas possibilidades de ser feliz... por que me prender a alguém que me fez mal? por que achar que alguém que já me machucou uma vez (ainda que tenha sido só um esbarrão) pode ainda me fazer sorrir e esquecer de todas as outras dores?
não, não pode. porque pessoas perfeitas existem, é claro. e é claro que um dia eu vou encontrar alguma delas, afinal também sou perfeita. eu não machuco ninguém, nunca machuquei.
e seremos felizes no nosso castelo encantado do reino Doriana.

aham, Ana, hora de acordar.
e de deixar de ser infantil e parar de criar sofrimento onde não existe.
deixar as coisas passarem e não alimentar o que não tem por que ser alimentado.
as coisas passam se a gente deixa passar, lembra?
é, lembra. faz parte da proteção.
hora de se proteger de você mesma.