terça-feira, 10 de maio de 2011

libidinosa

quando morava com meus pais meus horários eram muito restritos. eles sempre foram mais rigorosos comigo do que com meus irmãos, e mesmo depois de quase três anos morando separados da filha problemática, ainda são.
foi em uma dessas noites em que eu tinha que voltar antes das dez horas da noite que a Vanessa apareceu no meu portão. minha mãe não gostava dela, já tinha percebido que era uma das minhas amigas lésbicas. não sei que já tinha percebido é que dávamos uns amassos sempre que nos víamos.
tínhamos menos de 18 anos e muito pouco juízo, como já era de se esperar.
Vanessa me chamou para uma reuniãozinha na casa da Gislaine, uma amiga do colégio. pra beber um pouco e conversar. eu sabia a real intenção por trás daquilo e aceitei. inventei uma desculpa qualquer pra minha mãe e fui com ela.
já no meio do caminho nos agarramos como sabia que ia acontecer. chegando lá vi que só tinha cerveja, que é a única bebida que eu não tomo. e maconha, que eu não uso. tinha um amigo gay delas, o Fernando, e ele já estava muito alterado. normalmente eu acharia aquilo horrível e ia de volta correndo pra casa, mas naquele dia eu achava tudo muito divertido.
levei Vanessa pro quarto da Gislaine e fizemos tudo o que estávamos acostumadas a fazer.
depois o Fernando, muito mais chapado do que já estava, chegou andando de salto alto e falando coisas sem sentido. eu era a única sem usar droga ou álcool, e era a que mais me divertia, falava coisas engraçadas, ria de tudo. eles pediam para ver meu sutiã e eu mostrava, me exibindo, deixando que eles pegassem onde quisessem.
- me dá um beijo? a Alice era tão apaixonada por você e vivia falando desse beijo gostoso, quero saber como é. - me pediu o Fernando. Alice era uma ex-namorada que fez parte da minha vida de um jeito muito bonito. o comentário só me causou mais euforia, alimentou meu ego, aumentou minha libido já exagerada. e então eu o agarrei e beijei com voracidade. ele era gay e aquilo não fazia o menor sentido.

em outro episódio Gislaine e eu já havíamos ficado juntas, no banheiro de um shopping, durante uma parada gay. eu namorava com Alice e ela me esperava do lado de fora do banheiro. também não tinha bebido nada, e era completamente apaixonada pela minha ex-namorada.

e sobre namoros apaixonados houve o Pedro que foi a maior perda da minha vida. ele apareceu em meio ao meu caos. e, como não poderia deixar de ser, foi consumido por ele.
em uma das noites em que eu o arrastava para meus programas malucos, estávamos bebendo com um grupo de gays e minha amiga Jenifer. de lá decidimos ir todos para a casa do Rodrigo, um dos amigos gays da turma. compramos mais bebidas e fomos. um dos caras, o Junior, era muito lindo e Jenifer e eu brincávamos de seduzí-lo, óbvio, sem sucesso. ele nunca havia ficado com mulher na vida inteira.
chegando na casa do Rodrigo já estávamos todos bêbados. Jenifer se atracou com um dos meninos que era na verdade bissexual. e eu já tinha um quarto reservado pra mais tarde com o Pedro. Rodrigo era muito parceiro quando o assunto era sexo.
em algum momento Junior e Jenifer me chamaram para ir ao banheiro fazer xixi. essas coisas que meninas e gays fazem juntos. enquanto ele fazia xixi sentado, Jenifer e eu nos provocávamos.
- se vocês se beijarem eu beijo vocês. - ele sabia que estávamos mesmo afim de beijá-lo. - nunca vi duas mulheres tão bonitas assim se beijando.
não precisou pedir duas vezes, claro. nos agarramos e ele soltou gritinhos histéricos. até que de repente senti uma encoxada e uma pegada tão certeira que eu jamais diria que ele nunca tinha tocado o corpo de uma mulher antes.
descíamos para a sala e ficávamos com nossos respectivos pares, e toda hora estávamos os três nos atracando no banheiro novamente. quando começaram a desconfiar de alguma coisa, fingimos que o Junior estava passando mal e estávamos cuidando dele.
terminei a noite no quarto com o Pedro.


não sei se sou o tipo de pessoa que pode ser considerada promíscua. hoje sei exatamente o que me levou a fazer essas coisas e tantas outras, o que deixava a minha libido descontrolada, meu senso crítico sem nenhuma noção e minha impulsividade comandando tudo no meu corpo.
provavelmente todo mundo que ler isso vai me olhar diferente. e não é nem o começo do que aconteceu na minha vida sexual convivendo com a hipomania e seus exageros.
o que eu quero dizer com tudo isso é que perder o controle não só é pular de um penhasco ou tomar uma dose fatal de veneno, não é só ir parar numa enfermaria de hospital psiquiátrico e tomar sedativos ou choques. perder o controle é despersonalizar-se, deixar que qualquer coisa que é só uma parte de você passe a ser o seu todo e te faça tomar decisões impensadas que mudam todo o curso da sua vida.
eu não me viciei em drogas, não peguei nenhuma DST e nem engravidei. por sorte, por Deus, por um piscar de olhos, talvez. mas perdi tantas coisas que são imensuráveis, incalculáveis... e imperdoáveis.


3 comentários:

A Equilibrista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kine disse...

eu ia comentar, mas vou roubar a frase da moça de cima que vem ao caso: "quando amamos, nós amamos o pacote..."

eu tive algumas coisas disso aí sem ter transtorno (não sei, ainda fico encanada com a bipolaridade, mesmo você tendo dito aquilo de brincadeira), é bem um bocado de gente a menos.

@sourainha disse...

@ana_piranha