domingo, 1 de maio de 2011

nostalgia

algumas vezes eu ando por aí com fones de ouvido que não tocam música alguma. só quero me ausentar do barulho que o mundo faz - é demais pra mim. a razão de não ouvir nenhuma canção é por não querer sentir o que elas trazem consigo. cada uma delas têm seu peso, suas dores, suas alegrias, suas lágrimas, suas esperanças, seus jardins.
prefiro o silêncio.
foi então que hoje as músicas foram tocando aleatoriamente enquanto eu conversava com pessoas queridas. algumas mexeram tanto comigo que não consegui fugir. e quando tocou uma em especial (e não, eu não preciso dizer qual é, ela jamais terá para ninguém o som que tem pra mim) as lágrimas saíram de tão profundamente que doeram. e eu também sorri.
que saibamos o momento de sentir saudade. s-a-u-d-a-d-e. do primeiro namorado que dava presentes que mandava a irmã escolher, por tanto medo de errar. dos amigos que sentavam na calçada pra tocar violão e rir noite a dentro. das viagens impensadas e incríveis. do conviver diário com o crescimento dos irmãos. do animal de estimação que deu e recebeu mais amor que qualquer outra pessoa que passou pela sua vida. do carinho excessivo de um pai com muito amor e muita falta de jeito. do amor destrambelhado de uma mãe tão perdida quanto você. da primeira mudança capilar radical e a ansiedade pela aprovação alheia. de ter tantas certezas e tão poucas ameaças reais. dos castelos de areia parecerem mais sólidos. da professora que não te ensinou a matéria do colégio, mas te salvou de alguma (ou qualquer) maneira. de avós lindos, lindos. de primos com tanta vida nos olhos e tanto chão pela frente. de recostar-se no peito de quem amava e ter certeza que nenhum mal poderia te atingir - nem longe dali. de ter certeza que o amor (e talvez só amor) salva. de crer em deus e em todas as maravilhas que ouviu dizer que ele é capaz. de acreditar que ainda tem uma vida toda pela frente.
e que saibamos, principalmente, deixar a saudade ir embora... com tudo o que ela traz.

Um comentário:

Andante disse...

Complemento, bela palavra né, a nostalgia sempre quer mais uma dança