sábado, 15 de janeiro de 2011

das obviedades

é óbvio que não era pra dar certo.
quer dizer, dar certo deu sim, durante todo o tempo em que estivemos juntos.
comecemos de novo:
é óbvio que não era pra durar.
você tinha 11 anos, 3 filhos e mil histórias a mais que eu. e usava gírias do tipo "isso vai ser MARA". eu não me casaria com alguém que fala feito o seu Ladir.
me pediu em namoro na terceira vez que saímos. e, no mesmo dia, disse que se imaginava casado comigo, que teríamos uma filha. e me contou que tinha feito vasectomia, segundos antes. isso não é coisa de gente normal, e de anormal já me basta eu.
você tentava me surpreender sendo tão previsível. amando todas as coisas que eu amava, me levando à todos os lugares que tinham 'a minha cara', decorando nomes de pessoas que eu citava e perguntando por elas, prometendo casamento, amor eterno, filhos, estabilidade.
estabilidade. faça-me rir.
e me chamava de chérie, mas escrevia 'cherry'. ria com 'rsrs' levando à sério e sempre me dizia o quanto estava 'cançado' ou 'ancioso'. sem contar que, de repente, Freud passou a ser dito do mesmo jeito que se escreve. era uma afronta absurda à minha vergonha alheia.
é, Kellerson... Kellerson. olha seu nome. Kellerson. não precisava nem ter insistido depois do 'muito prazer, meu nome é Kellerson'. tudo que acontecesse depois disso estava, fatidicamente, destinado ao fracasso.
mas como eu ia dizendo, Kellerson, que bom que. não consegui terminar. a frase, digo. o raciocínio. a idéia. o texto. os nós.

chérie... de repente fez todo o sentido eu ter me apaixonado por esse nome assim que pensei em colocá-lo na cachorrinha nova.
mas o dela é assim ó, bem bonito, vê se aprende: Chérie. Querida. Amor. cheio de amor real.

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