domingo, 30 de janeiro de 2011

enredar

eu menti tanto, por todos esses anos, que nada mais é concreto, nada me parece real.
não lembro a idade exata que parei de fazer ballet e nem se eu realmente era boa naquilo. só lembro que me sentia gorda e parei por não querer me apresentar na frente de ninguém.
não consigo ter certeza se eu realmente era a preferida do meu pai na infância, mas sei muito bem que virei a odiável adolescente rebelde aos olhos dele.
se meu primeiro amor foi um menino ou uma menina, se eu beijei porque queria agradar minha amiga que incentivava ou porque estava mesmo querendo beijar aquele menino aos 12 anos, se eu tinha inveja da minha prima Amanda ou se ela tinha inveja de mim, não sei na verdade nada disso. não consigo ter certeza. porque enganei a mim mesma tantos anos, colocando panos quentes, dando motivos e enredos bonitos à todas essas e outras tantas coisas que aconteceram. porque as coisas marcam e eu nunca gostei de marca feia. cicatriz tem que ser no lugar certo pra ter charme.
e até hoje não quero que as pessoas vejam meu rosto com cicatrizes longas, fundas e tortas. não quero quebrar a minha imperfeição estrategicamente planejada.

queria perguntar pra todas as pessoas que conheço qual é a imagem que elas têm de mim e que elas fossem muito sinceras. talvez assim eu soubesse exatamente o que não sou.

dói tanto.

2 comentários:

Kine disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana disse...

eu não sei na verdade quem eu sou
já tentei calcular o meu valor...

:)